Imagem: Google
Bruna Berghan
Luís era um garoto de dez anos que
mova em uma favela. Não havia nenhuma escola por perto, e talvez, por isso, seu
chinelo verde e amarelo estivesse mais gasto do que deveria. A escola mais
próxima deve ficar a uns vinte quilômetros, dos quais pelo menos cinco ele faz
andando todos os dias.
Talvez por já ser um aleta informal,
Luís nunca reclamou de levantar cedo e descer inúmeros degraus de escadas até
chegar na parada e esperar o ônibus para ir estudar
Mesmo com todas dificuldades, que não eram poucas,
ele jamais desistia. Ele era um menino de família humilde, mal tinham o que
comer. As roupas eram feitas pela mãe, que arrumava trapos velhos e fazia
camisas e calças para ele.
Na sua casa moravam seis pessoas, ele, sua mãe, uma
tia e mais três irmãos. Todos com sonhos e desejos de um futuro melhor. Mas o
sonho de Luís era o melhor, pois nele incluía toda sua família.
Luís sonhava em ser um jogador de futebol, como
várias crianças de sua idade. E queria isso para ter dinheiro o bastante para
mudar a vida das pessoas que amava.
Comprar uma casa grande e dar tudo que precisavam.
Mas nada era fácil e para ele de família pobre parecia ser mais difícil ainda
seu maior adversário era a pobreza, a condição social impedia ele de ter as
mesmas chances que os outros.
A inteligência não tem classe. Se Luís não tinha
dinheiro ou boas roupas, tinha uma inteligência invejável. Naquele dia havia
prova de matemática, e Luís tirou um dez, o mesmo dez que usava nas costas
quando jogava pelo time da escola.
Como se aproximavam os jogos escolares naquele dia
ele foi liberado para jogar com os companheiros das outras turmas que faziam
parte do time, e mesmo jogando contra garotos maiores Luís marcou três gols
garantindo a vitória para sua equipe.
Estaria tudo normal se não fosse o visitante
estranho que assistiu ao jogo na arquibancada. Ninguém sabia, mas ele era
olheiro de um grande clube de futebol, e se impressionou com a facilidade de
Luís em marcar gols.
Ao termino da partida ele veio até Luís e conversou
com ele, o levou para casa e mostrou a ele e a família.
As
dificuldades financeiras quase impediram que Luís fosse fazer o teste, mas o
olheiro percebendo o grande potencial do garoto ofereceu todo o material e
custearia todos os gastos dele.
Foram mais oito anos de sacrifícios e lutas, de
viagens longas, até que o time resolve chamá-lo para ser finalmente contratado.
Depois de cinco meses no profissional ele virou
titular, entrou em uma decisão e garantiu a virada histórica dando o primeiro
título depois de longos anos de perdas do clube. Logo ele se transformou em um
jogador indiscutível, um jogador fundamental para a equipe. Assim conseguiu um
excelente contrato, um alto valor de salário, com o qual finalmente tirou a família
da pobreza.
Em poucos anos ele conquistou todos os títulos que
o Brasil podia lhe dar. E assim seguiu o caminho dos grandes craques e rumou a
Europa. Lá também seguiu ganhando títulos e prêmios individuais. Se tornou um
dos maiores jogadores do mundo, mas jamais esqueceu da família.
Todos
buscavam descobrir o seu segredo, como jogava com tanta garra, determinação,
vontade de vencer. O seu grande segredo era a família, era saber que seu sonho
tinha sido realizado, era saber que todas as lutas da infância pobre tinham sido
vencidas, era saber que todos aqueles que o amavam estavam bem. Cada vez que
entrava em campo, jogava pelo pai, pela mãe e pelos irmãos, mas também por
todos aqueles que ele podia ajudar com seu futebol.
Ele era o melhor porque se dedicava mais que qualquer,
e porque sabia que tinha que jogar por todos que amava, pois todos que o amavam
jogavam por ele também.
Seu grande segredo era o amor pelos outros. Sua
motivação a vontade de ajudar e sua vitória era a felicidade da família.
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