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Antonio
Silva
O futebol é muito mais que um jogo,
é também um campo para grandes debates, tudo pode ser debatido dentro das
quatro linhas. E ultimamente são muitos os debates, racismo, homofobia,
intolerância, violência e ética.
Esse último principalmente após a
atitude de Rodrigo Caio, ainda no campeonato paulista, quando alertou o árbitro
sobre uma falta e um cartão que havia dado para Jô do Corinthians. Esse fato
deu a Rodrigo Caio dimensões inimagináveis, incontáveis elogios e em pouco
tempo tornou-se o jogador exemplo do futebol, um ato de honestidade deu-lhe
mais reconhecimento do que seu futebol dentro de campo.
Na época o beneficiado foi Jô do Corinthians
que se levasse aquele cartão estaria fora do jogo decisivo contra o São Paulo
de Rodrigo Caio. Jô parabenizou Rodrigo, disse que ele era exemplo de
honestidade para os outros atletas.
Mas quis o destino que Jô, aquele
que pediu mais honestidade no futebol, tivesse a chance de ser honesto assumir
que a bola bateu em seu braço no jogo contra o Vasco, porém, Jô aquele mesmo
que aplaudiu Rodrigo Caio e pediu mais honestidade, simplesmente nada vez.
Isso fez com que uma onda de
críticas caíssem sobre seus ombros, muitos cobravam honestidade de Jô, cobravam
que ele desse continuidade ao legado de Rodrigo Caio, mas Jô não teve a mesma
coragem, Jô sucumbiu ao jeitinho brasileiro, ao “Faça o que digo, mas não faça
o que faço”. Jô foi o brasileiro comum, preocupado com um parte e não com o
todo, Jô fez a alegria dos seus e deu aos outros a revolta.
Mas, porque no mesmo esporte, em
situações parecidas, em momentos em que dever-se-ia exercitar a honestidade,
isso não aconteceu? Qual seria a saída para isso tudo? Alguns são éticos e
outros não? Qual o caminho certo, afinal?
Se pensarmos na forma de conduta, Jô
foi ardiloso em conseguir ludibriar o árbitro em benefício próprio e, com isso
levar vantagem, isso significa que o ato praticado por ele é contra o fair Play, a solução para isso são duas:
Educação, desde a base fazer com que o atleta faça o certo, ou punição, que
seria via arbitragem e consequentemente levar aos tribunais, mas para isso, é
necessário que haja consenso entre todas as partes envolvidas.
Por isso, não se deve deixar de questionar
a atitude do Corinthiano Jô, pois a ética no futebol começa pelos atletas, são
eles que deveriam ser os primeiros a promover de forma positiva a aplicação das
regras, em prol da qualidade do espetáculo e, sobretudo saber que uma má
conduta pode comprometer a grandeza do esporte.
Mas de fato somos uma sociedade
carente de referências, pois é errado endeusar Rodrigo Caio, assim como é
errado apedrejar Jô. É preciso entender que ambos os casos são reflexos da
construção social do brasileiro, o jeitinho, a malandragem, a esperteza em
muitos casos são formas de sobreviver. Já o ato honesto de Rodrigo Caio parece
um alento as mazelas que nos assolam todos os dias, mas que na verdade não
passam de um suspiro em meio a um mar de ilusões.
De fato nem Rodrigo nem Jô são
referências de moral, pois a realidade não condiz com essas atitudes onde tudo
parece aceitável desde que seja feita a felicidade geral da nação.