quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O ÓDIO A CRISTIANO RONALDO

Antonio Silva



            Cristiano Ronaldo é odiado não apenas pelos adversários e sim pelos homens, pelo próprio futebol.
            Cristiano Ronaldo é odiado não apenas por ser o melhor jogador do mundo, goleador, campeão pelos seus clubes.
Cristiano Ronaldo é odiado, pois ele contraria a lógica masculina, de que o futebol é brutalidade, que o futebol não admite a beleza.
Cristiano Ronaldo é odiado por sua beleza. Ele sai de campo como entrou arrumado, penteado, barba feita.
Cristiano Ronaldo nasceu com a vaidade. Isso incomoda não apenas os adversários, desperta desconfiança que ele não se doou, que perdeu uma chance quando arrumou os cabelos. Levanta a dúvida que ele deixou de cabear para não estragar o penteado. Que não correu para não o cheirar mal. Que perdeu uma chance quando fez posse para o telão.1
Cristiano Ronaldo é conhecido pelos marcadores pelos sorrisos de dentes bem escovados. É encontrado em campo pelo rastro que deixa do perfume.
Cristiano Ronaldo é odiado pelos boleiros que entendem que entendem que futebol é coisa de macho, que jogador tem que sair de campo sujo, rasgado, fedendo, às vezes até sangrando de camisa rasgada.
Cristiano Ronaldo é considerado pelos boleiros metrossexual, boneca, dondoca.
Cristiano Ronaldo é gênio, pois consegue ser o que é sem ser nada disso.
Cristiano Ronaldo é odiado porque os outros se sujam para tentar alcança-lo, rasgam os uniformes quando ralam a bunda no chão vitimas de seus dribles, sangram por dentro tentando impedir o sucesso português.
Cristiano Ronaldo transforma a vaidade em garra, em técnica, em improvisação. Ele tem intimidade com a bola porque a trata bem, porque é carinhoso, porque tem cuidado.
Cristiano Ronaldo é herói. Revolucionou o conceito de beleza esportiva. Exibe-se no campo.
Cristiano Ronaldo é herói porque revolucionou o futebol. Mostrou que é possível aliar toda técnica, toda precisão, toda a competência a beleza.
Cristiano Ronaldo é completo porque não abdicou a sua beleza em prol do futebol. Ao contrário ele uniu as duas coisas e despertou o ódio daqueles que não conseguiram fazer igual.
Cristiano Ronaldo é vaidoso sim. E desfila em campo, talvez esse seja o segredo, os adversários não conseguem seguir seus passos. Sua fixação pela beleza é o suprassumo do futebol.
Cristiano Ronaldo é compenetrado ao extremo, perfeccionista.
Cristiano Ronaldo vai ao extremo da beleza cada vez que beija a rede. Não é um chute, chute é coisa de jogador comum.

Cristiano Ronaldo é odiado porque trouxe a beleza para o campo da brutalidade, talvez seja esse seu segredo.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A PICHAÇÃO DO DESTINO

Bruna Beatris Berghan


            Caminhando pela cidade vemos os muros, os monumentos históricos com suas pichações. Às vezes tão alto que nos faz pensar quem subiu ali e como subiu. Rabiscos abstratos que, por vezes, não sabemos o significado.
            Mas tudo isso, por mais que seja ruim para a cidade, me faz lembrar de uma história. A história de um rapaz, Sidnei, que era morador de rua. Abandonado pelos pais, vivia em uma praça, em frente a uma confeitaria. Todas as tarde o cheiro dos pães e bolos invadiam as redondezas, e Sidnei sentia muita fome. Mas não podia pagar, apenas comia o que o lixo daquela praça oferecia.
            Uma tarde olhando para a confeitaria, vê sair de lá uma moça, com um lindo avental bordado. O vento batia em seu rosto e sol acariciava sua pele.  Sidnei encantado com ela pensou: “É ela que me enfeitiça todos os dias com o aroma de suas delícias.”
            Depois daquele dia, ele prometeu que ganharia coragem, e iria falar com ela.
            Mas espere aí, lembram do assunto do início desse conto, já vou falar dele. Sidnei era um pichador, sim, é isso mesmo, era. Pois havia parado de fazer suas “artes” pela cidade por medo de ser preso.
            Porém a vontade de se declarar para a bela moça fez com que ele tivesse uma ideia. Ele iria pichar a parede da padaria com uma declaração de amor.
            E assim fez. Conseguiu a tinta com uns antigos amigos de farra, e na manhã seguinte ficou atento para quando a senhorita chegasse ao local. E se assustando no momento em que ela larga sua bolsa no chão e grita que aquilo não deve ser verdade.
            Sidnei, vendo que não gostara de sua arte, tomou coragem e foi até lá perguntar sobre o ocorrido. Ela reclamou, disse que em dois anos que tem a padaria, aquilo nunca tinha acontecido. Que mesmo com a bela mensagem escrita era errado.
            Ele então teve uma ideia e falou: “Senhorita qual é mesmo o seu nome”. Ela respondeu: “Clarice,e você?”.Ele então continuou: “ Sou Sidnei e Mem ofereço de bom grado para limpar suas paredes, Dona Clarice.” Ela adorou a ideia, e completou: “Em troca do serviço eu lhe darei um lanche.”
            Sidnei, mesmo passando fome, se importou mais em poder ficar perto dela, e admirá-la.
            E assim resolveu fazer, todas as noites ele rabiscava as paredes, e todas as manhãs as limpava. Mesmo sabendo que o que fazia era errado, se sentia bem por vê-la através da janela.
            Se passaram os meses, e todos os dias era a mesma coisa, até que em uma noite, ele empolgado e com saudades da amada, não percebeu que havia um policial na esquina.
            Vendo Sidnei pichando aquela parede, o policial não pensou duas vezes, e foi até o local para o levar a delegacia.
            Na manhã seguinte, Clarice vê apenas um pequeno risco e procura Sidnei, ver se ele já estava chegando para limpar sua fachada. Mas nada de encontrá-lo. Resolve então perguntar pela rua se alguém tem alguma notícia dele. Até que chega na banca de jornais, onde o senhor diz ter vido Sidnei e conta que ele havia sido preso por pichar a padaria.
            Ela sem acreditar, começa a ligar os fatos e percebe que ele faz isso com o intuito de vê-la. Que ele pode ser apaixonado por ela, assim como ela é por ele.
            Sem pensar, corre até delegacia com seu vestido esvoaçante e seu olhar brilhante de amor.
            Chegando no local, conversa com os policiais, dizendo que Sidnei fez aquilo só por amor, e que nunca mais irá se repetir.
             Mas como tudo tem um preço, a fiança sairia por R$ 3.000,00, as economias de dois anos de padaria. Mesmo sendo muito dinheiro, ela resolve pagar.
            Após toda a burocracia, Clarice fica na sala de espera aguardando a chegada de Sidnei. Que ao sair se depara com ela e abre um grande sorriso, a abraçando e pedindo desculpas pelo que fez.
            Ela diz que não é preciso e o leva embora. Chegando na confeitaria ele limpa a pichação pela última vez, pensando que aquele seria o último dia em que veria sua amada e ganharia o pão.
            Ao entrar no estabelecimento vê Clarice com os olhos cheios de lágrima, que diz: “Sidnei, quero que você trabalhe para mim, seja meu ajudante.” Ele sem pensar, diz: “ Quero muito, mas só se você aceitar ser minha namorada.”
A resposta não veio em palavras e sim através de um longo beijo, unindo aqueles dois seres para sempre.
            E nem é preciso dizer que os dois se casaram e continuaram fazendo seus pães e bolos, espalhando o aroma e bondade. Sim, a bondade, porque agora eles distribuem alimento para aqueles que não podem comprar.

            E Sidnei? Ele nunca mais pichou, apenas alimentou quem precisa, e levou a paz e a caridade para aqueles que não a tinham.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

ENTÃO É NATAL

Antonio Silva


            Então novamente me vejo perdido em meio à expectativa de mais um Natal que está chegando. Junto com ele todas aquelas falsas bênçãos que se não vierem acompanhadas de um belo presente virarão as mais cruéis das maldições.
            Ai eu penso: “Se existisse o prêmio do mais cético homem explicando o natal, eu venceria?” Não sei! Mas, não pense você que não gosto de natal por causa de alguma frustração como não ganhar o que queria ou não tirar foto com o tal do papai Noel. Pois é talvez ele é que seja frustrado comigo, já que eu nunca me dei ao luxo de acreditar nele. Sempre ganhei bons presentes, às vezes maiores do que a minha própria imaginação, mas eu sempre agradeci a meu pai e minha mãe, nunca desmereci o esforço deles agradecendo a um personagem capitalista.
            Sim, o tal do Papai Noel é  sim um produto do maldito capitalismo que tanto amamos. Nada é por acaso, tudo nele foi pensado, ele não veste roupa vermelha por acaso, mas sim porque o vermelho é uma cor de afeto, que chama atenção, por isso também é conhecida como a cor da paixão. Paixão está que desperta os mais variados sentimentos a favor daquele velhinho simpático que dispõe de seu tempo, mas porque um velhinho? Porque na lógica do convencimento pessoas mais velhas são dotadas de sabedoria e despertam menos atrito em possíveis discussões.
            Segundo a história criada para vender o natal. Esse mesmo velhinho vive num lugar muito distante produzindo os desejos das crianças bem comportadas durante o ano, esse ajudantes que trabalham não são duendes, mas sim os pais da crianças. Os filhos comportados são aqueles que vão a escola e não questionam, simplesmente processam o que recebe para no contraturno se entupir de televisão e assistir as propagandas dos produtos que o Papai Noel já fabricou para eles torturarem seus pais.
            Assim os duendes, digo os pais, vão ter que desembolsar um bom dinheiro para comprar o presente que o Papai Noel vai trazer para o robozinho que cresce diante da televisão e que mais tarde vai achar que o mundo é torto, vai fazer protesto em redes sociais e se achar um grande ativista, mas isso é assunto para outro dia, ok?
            Ah, o dinheiro não poderia passar sem falar no maravilhoso dinheiro, pois é motivado por ele que aquele senhor grisalho e barrigudo vai deixar a barba crescer, vai vestir uma roupa quentíssima mesmo num verão de 40º vai sorrir e tirar foto com um monte de criança.
            Mas, gostei muito de ver como as pessoas reagem a algo fora deste padrão, recentemente apareceu um “Papai Noel” todo tatuado e quase que ele fez o papel de Jesus, pois foi crucificado pelo povo moralista e padronizador que se diz pronto a conviver com as diferenças.
            Nunca me esqueço daquela frase: “Papai Noel não esquece de ninguém.” Uma baita piada de mal gosto, se pensarmos em todas as crianças pobres que o bom velhinho capitalista deixa para trás.
Lembro da história de um amigo de família muito pobre que morava no interior nessa época ele perguntava para a mãe porque o Papai Noel não vinha ela dizia, que era porque eles moravam muito longe. O tempo passou e eles foram morar em uma vila na cidade e o tal do velhinho continuava a não vir, então ele questionou, a mãe sem saber o que dizer justificou dizendo que o Papai Noel não devia ter o endereço deles. Doce desilusão.
O natal que realmente deveria ser comemorado, ou seja, o nascimento de Cristo não existe mais, pois o próprio Jesus ensinou como deveria ser, mas o que vemos hoje é exatamente ao contrário.
Jesus pregava a simplicidade, a união, a harmonia e a compreensão nesta data. Pena que com o tempo e com as transformações esses valores se perderam ou se inverteram.

Pobre de Jesus Cristo que nasceu no mesmo dia da celebridade chamada Papai Noel.





PUBLICADO NO JORNAL
FOLHA DE NOVA HARTZ
SEMANAL ANO X EDIÇÃO 361 PÁG. 02
SEXTA-FEIRA 19 DE DEZEMBRO DE 2014

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

sábado, 13 de dezembro de 2014

O QUE O GRÊMIO PRECISA PARA 2015

Fraga


Antonio Silva


            Antes mesmo de tentar conquistar o Gauchão, o Grêmio completará 14 anos sem títulos, uma marca indigesta, uma marca que só pertencia ao rival Inter que ficou de 1992 a 2006 sem ganhar títulos importantes. Mas a nível de importância isso não significa nada, pois o que os torcedores querem é taça no armário.
            A faixa colocada na Arena no último jogo do brasileirão é um alerta para os dirigentes, pois até os mais fanáticos do Brasil cansam. É preciso deixar de lado a soberba e olhar para trás enxergar os erros e acertos destes últimos anos e buscar formas de mudar esse quadro.
            O título desta crônica é uma reflexão sobre o próximo ano e pelo que estamos vendo será um ano difícil, mas um ano que se bem administrado poderá ser o ano do recomeço e da reestruturação do Grêmio.
            As dificuldades financeiras provocaram até agora um desmanche na Arena já saíram: Dudu, Alán Ruiz, Zé Roberto, Pará, Matheus Biteco, Barcos e ainda devem sair Geromel, Luan e Wallace. Se estas especulações se confirmarem o Grêmio perderá seis de seus titulares e terá que rebolar para contratar jogadores bons e principalmente baratos.
            Ai vai estar o segredo, pois o Grêmio precisa de jogadores cascudos que entendam que os 14 anos sem títulos como um incentivo a querer vencer, que quando preciso deem carinho, chutão, façam faltas, mas que de maneira nenhuma se conformem com as derrotas. Douglas é o primeiro a chegar, e digo, que ele é sim um bom reforço tanto o Grêmio quanto o Felipão são craques em recuperar jogadores. Pena mesmo é a saída de Barcos que passou dois anos penando na falta de um armador para dar condições para ele marcar gols.
            Douglas parece que vai ser o “cara” do meio-campo, experiente e sábio terá que assumir as responsabilidades diante de um time jovem e sem nomes expressivos que o Grêmio vai ter em 2015. Outros podem chegar entre eles Joel do Coritiba, Cirino do Atlético Paranaense, Thiago Heleno do Figueirense, Juninho do Palmeiras e talvez Suéliton também do Atlético Paranaense. São jogadores de pouca expressão, mas que se encaixam naquela ideia de querer vencer, pois em seus clubes não almejam nenhuma possibilidade de conquista.
Se Marcelo Moreno voltar podemos projetar um esqueleto de time e com pilares fortes em todos os setores, seria Marcelo no gol talvez Geromel no meio Douglas  e no ataque Moreno. Com essa formação o Grêmio teria uma sustentação nos setores fundamentais da equipe podendo completa-la com garotos.
            Essa semana houve a posse do novo presidente Romildo Bolzan Jr. e o discurso dele ao contrário de seus antecessores não promete títulos, grandes contratações e nem resultados imediatos. O corte da folha é umas primeiras medidas, pois é preciso equilibrar as contas para começar uma reestruturação.
            Acredito que essa será a grande marca da gestão de Bolzan, ele vem com o objetivo de recolocar o clube nos trilhos. Só que isso vai levar tempo, uma boa reformulação leva no mínimo quatro anos para acontecer, após isso os títulos veem, a prova disso é o próprio rival Inter.

            O torcedor vai ter que ter paciência. 


Crônica de n° 46
Sábado 13 de dezembro de 2014.
"O cheiro de livro, da nova história a fazia sonhar e entrar num mundo novo."

Bruna Beatris Berghan

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A CAMISA AZUL DA SORTE

Fraga

                                                                                                                            Antonio Silva
 


            O time do Murilo não tinha uniforme para jogar, jogavam sem camisa ou com uma da mesma cor, sem número sem nada. Mas, Murilo queria resolver esse problema reuniu os amigos e juntaram as economias para comprar um tecido azul e um branco para fazer um fardamento.

            Feito isso, entregaram os tecidos para a mãe do Marquinhos que era costureira fazer os uniformes. Os números eles mesmos pintaram com uma tinta amarela que compraram com o dinheiro que havia sobrado dos tecidos.

            O problema dos uniformes estava resolvido, mas um maior ainda assombrava Murilo e seus amigos. Precisavam vencer a turma da rua de cima. Não venciam há muito tempo, e a zoação era forte, já circulava pelo bairro que o time de Murilo passaria a se chamar o “Time que nunca venceu.”

            Quando o time da rua de cima soube que Murilo e seus amigos tinham conseguido uniformes. Imediatamente Marcão o capitão da rua de cima chamou os companheiros de time e mandou desafiar Murilo para um jogo no final de semana.

            Aquela noticia estremeceu Murilo e o resto do time. No sábado teriam que estrear o uniforme novo ou além de não vencer seriam chamados de cagões, mas não aceitar o desafio era confirmar que eram cagões. Murilo então respondeu que aceitavam o desafio.

            Treinaram um pouco durante a semana, pois sabiam que tinham um grande desafio pela frente, vencer o time de Marcão era algo raro nos últimos anos e estrear o novo uniforme com o máximo de dignidade possível.

            O time do Marcão não treinava. Os garotos eram uns monstros comparados aos meninos das outras ruas, Marcão era o mais temido, um negrão forte devia ter uns 20 anos, os fios de bigode denunciavam, mas ninguém nem mesmo os companheiros ousavam perguntar.

            Marcão era zagueiro e capitão da rua de cima. Murilo era atacante e capitão da rua de baixo. A diferença física era enorme, Murilo tinha apenas 13 anos e era magrelo, e Marcão como eu disse era fortão e beirava os 20 anos. O encontro entre eles era inevitável.

            No sábado o sol saiu logo cedo e brilhava ansioso pelo confronto. Duas da tarde chegavam no campinho Marcão e sua galera vestindo um fardamento todo preto se não fossem jogar bola poderiam muito bem ir a um velório. Logo depois chegou Murilo e seu time, vestiam uma camisa azul com números amarelos, calção e meias brancas.

            Antes de começar o jogo Marcão riu e disse: - Belo pano, vou secar seu sangue com ele se fosse se engraçar. – Começado o jogo o time do Marcão partiu para cima e parecia que novamente ia massacrar o time de Murilo, que era salvo graças aos milagres de goleiro Luís.

            Mas, em uma escapada Carequinha lançou para Murilo que saiu livre nas costas de Marcão e colocou na saída do goleiro. 1x0. A tensão aumentou, o time do Murilo dominava depois do gol, quando Marcão chegou no ouvido de Murilo e disse: - Mais uma vez que passar por mim quebro sua perna. –

            Novamente Carequinha escapou e lançou para Murilo que dominou e sem querer deu um chapéu em Marcão deixando-o sentado na grama. Quando percebeu o que tinha feito apenas pensou “Ai minha perna,” mas, já que teria a perna quebrada mesmo chutou forte no canto esquerdo 2x0.

            No fim Marcão nem quebrou sua perna, mas prometeu: - No campeonato do bairro pego você. – Depois do jogo era só festa, foi aí que Carequinha o maestro do time disse: - Não devemos lavar as camisas, pois senão perderemos nossa  sorte.  – Na dúvida todos concordaram.

            Voltaram apenas a vestir o uniforme um mês depois quando começou o campeonato do bairro. O cheiro de suor era encarado como uma questão de sorte e para vencer tudo valia. E se suor realmente fosse sorte naquele dezembro escaldante isso não faltaria.

            Era sorte ou mau cheiro, mas, o time do Murilo estava vencendo todas as partidas, tinha a melhor defesa e o melhor ataque. Seguiam por dez rodadas sem lavar as camisas e se vencessem a última estariam na final, e assim foi 2x0 e final garantida. E o outro finalista adivinhem: O time do Marcão.

            Os meninos do time do Murilo tinham uma tática para as mães não lavar os uniformes, cada semana um levava para casa e guardava. Naquele dia quem levou foi Murilo, só que ele esqueceu de guardar devido a euforia da vitória. No outro dia chegou da escola estavam lá todas as camisas no varal, toda sua sorte foi parar na máquina de lavar. E agora?

            Reuniu o time e contou tudo. Todos ficaram desolados, sem suas camisas da sorte como venceriam? Mas manteram a confiança, aquele desempenho não podia ser apenas sorte.

            Começou o jogo e o time do Murilo dominou, mas logo sofreu um gol, depois outro e outro. No fim 4x0 para o time do Marcão.

            Sorte ou não, na dúvida é melhor não lavar a camisa.


PUBLICADO NO JORNAL

FOLHA DE NOVA HARTZ

SEMANAL ANO X EDIÇÃO 360 PÁG. 02

SEXTA-FEIRA 12 DE DEZEMBRO DE 2014

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

MENTES COBERTAS PARA CORPOS NUS

Jules Joseph Lefebvre Chloé

Antonio Silva


            Continuando o assunto da semana passada quando terminei o texto falando em correr pelado. Retomo devido as constantes nudezes atléticas que roubaram a cena no nosso noticiário nos últimos tempos.

            Foi interessante ver como a imprensa abordou o tema, passou a catar pelados por ai, para manter a novidade por mais tempo. Acredito que os primeiros abriram as portas para muitos outros tomarem coragem e sair balançando suas partes salientes por ai.

            Mais interessante que propriamente a imprensa noticiar os fatos, foi à reação da nossa sociedade “moralista” e “conservadora” quanto a isso. Foram bombas de comentários chamando os atletas da liberdade de depravados, doidos, desavergonhados, doentes. Até a psicologia foi envolvida no caso, e como a psicologia é boa, sempre acha solução para tudo, inclusive para aquilo que não precisa de solução. Ela como boa mãe da proteção moral da sociedade optou, por dizer que aqueles que corriam pelados sofriam de alguma anomalia, assim acalmando as massas revoltosas.

            Mas, entristeci com a reação social, e só agora percebi o quanto a nossa sociedade é atrasada. Não uso nem o termo conservadora, pois creio que não se aplica ao nosso caso. Pois um fato como este poderia ser explorado para o bem da população, poderíamos criar uma Sociedade dos Pelados Brasileiros, onde quem é praticante ou simpatizante da causa poderia participar. Talvez pudéssemos criar uma espécie de Corrida de São Silvestre para os atletas pelados junto premiar as melhores curvas.

            Com uma iniciativa conseguiríamos criar um modelo de sociedade menos consumista. Conseguiríamos exaltar os fotógrafos que fazem nu artístico quase as escondidas, sem falar talvez pela primeira vez na história do Brasil conseguiríamos criar artistas como Francis Picabia, Henri Toulouse,  Sandro Botticelli ou Jules-Joseph Lefebvre  que se consagraram na arte de retratar o nu.

            Ao invés de fazer tudo isso, nossa sociedade vestiu os pelados com a roupa da falsa moral, foram criticados, crucificados, execrados. Quando deveriam ser aplaudidos pela sua coragem. Enquanto se horrorizavam com os pelados nem se importam com os corruptos de terno e gravata que seguem faturando alto e vendendo essa falsa moral.

            As peladas renderam muito assunto e, há nisso tudo uma leitura social muito importante, as peladas explicam a ascensão da mulher, pois mais uma vez elas saíram na frente, foram para as ruas peladinhas da Silva enquanto os homens saíram de cuecas.

PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE NOVA HARTZ
SEMANAL ANO X EDIÇÃO 359 PÁG. 02
SEXTA-FEIRA 05 DE DEZEMBRO DE 2014

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

QUANDO GANHAR É PERDER

Fábio Abreu


Antonio Silva


            O ano para o futebol gaúcho foi terrível, mas terrível mesmo daqueles que devemos achar que foi um pesadelo do qual acordaremos no próximo final de semana. Pode até ter sido um pesadelo, que deixa sequelas quase irreparáveis na história de cada um.

            Tanto Inter quanto Grêmio vivem de migalhas, conquista de vagas e da velha rinha entre os dois que não os leva a lugar nenhum a não ser ficarem cada vez menores em relação aos outros, mas o ego inflado esconde isso.

            Enquanto comemoramos vagas, vitórias em Grenais e reclamamos da arbitragem, os mineiros colocam faixas ensinam a quem quiser como se faz planejamento. O que dizer do Cruzeiro que entrou para ganhar as três competições do ano? E o Atlético que graças a reformulação de Alexandre Kalil saiu do ostracismo de 40 anos sem títulos para conquistar três em dois anos.

            Mas, voltando para a esfera sulista, o Inter comemorou a vaga para a Libertadores realmente como “Uma Taça Invisível” mas, que se fosse visível deixaria escrachado os equívocos cometidos o ano inteiro, como exclusão de jovens, erros gritantes de escalação, enfim Abel e seus comandados tiveram mais sorte do que juízo.

            A situação do Grêmio consegue ainda ser pior, pois se mantém inoperante quanto a resultados. Em dois anos conseguiu cometer os mesmos erros pontuais com relação a comando técnico e grupo de jogadores. Errou em manter Luxemburgo após a copa das confederações, errou em manter Enderson Moreira após a Copa do Mundo. Erros comuns que custaram mais um ano que repete os outros anteriores. Trazer Felipão foi um “anestésico” para as dores gremistas, e chegou a ser uma realidade na conquista de algo melhor, mas a carência do grupo pesou.

            O 2015, do Grêmio, não parece que vai ser muito diferente, as dificuldades financeiras impedem de querer muita coisa, já é uma realidade que Dudu, Alán Ruiz, Matías Rodriguez não ficarão. E Geromel fica até metade do ano, mas é difícil ele permanecer devido ao alto custo.

            Assim o Grêmio não vai ter outra saída senão apostar na base. Há muitos garotos bons, mas a pressão por resultados poderá dificultar o trabalho.

            Já o Inter saboreia a conquista da vaga (justo os colorados que não comemoram vagas) estão eufóricos em retornar a maior competição continental. Mas, está Libertadores será a mais disputada dos últimos tempos, já que os grandes da Argentina estarão de volta.

            Enfim o Inter terá que remontar o seu time. Precisará principalmente refazer sua defesa, reformular o meio campo e reforçar o ataque. Resumindo terá que enxergar seus próprios defeitos e deixar de ser soberbo com relação a si mesmo ou amargara mais um ano fracasso como foi em 2014.

            O ano de 2014, para a dupla foi lamentável, pois nenhum alcançou seus objetivos. O Inter se resguarda na conquista do Gauchão, o Grêmio na única vitória em Grenal.

            E isso é muito pouco para dois clubes centenários que investem milhões.


Crônica de n° 45
Quarta-feira 02 de dezembro de 2014.