Robert Falk
Bruna Beatris Berghan
Árvores faziam sombra nela, a deixavam
escura e sombria. Aquela casa que fechava uma das saídas da rua era digna de um
filme de terror. Ninguém nunca viu quem morava lá. Atrevidos espiavam entre as
grades do portão e tudo que conseguiam ver era um jardim com a grama bem
cortada.
Mas a casa era apenas um dos
mistérios que assombravam a rua. Outra coisa que deixava toda a vizinhança
confusa eram os bolinhos de chocolate deliciosos. Exatamente isso, os bolinhos
que apareciam todas as manhãs nas portas de suas casas, dentro de caixas de
papel rosa e com um laço amarelo.
Vizinhos chegavam a ficar acordados,
em prontidão para pegar o entregador, mas sempre cochilavam, era um sono
impossível de controlar, e sempre quando acordavam lá estava o pacote.
Muitos contavam uma lenda, diziam
que somente uma pessoa seria capaz de ver quem entregava, alguém corajoso o
bastante para ver seja quem for que leva o bolinho para suas casas.
Uma manhã, o menino, Arthur, que
morava ao lado da casa misteriosa percebeu que ela era a única casa que não
havia a entrega, então de bom grado, resolveu que iria passar a noite em claro
e investigar o portão da casa para ver se vinha dali seu bolo.
A noite, ele se preparou e ficou na
janela de seu quarto, até que às duas e meia da manhã um homem de barba longa e
cabelos lisos sai do portão da casa misteriosa levando uma cesta cheia das
caixinhas. O menino, sem pensar muito tirou uma foto do homem, para no dia
seguinte mostrar para os vizinhos.
Na manhã seguinte reuniu o pessoal
do bairro e disse quem era o entregador misterioso, mostrando a foto. Um homem,
conhecido como o dono da rua, Senhor Manoel, identificou o sujeito dizendo que
ele, muito antigamente, era severo e não tinha muitos amigos. E deduziu que desta
forma ele seria mais querido, mas pela timidez não quis sair de sua casa,
durante o dia, para fazer amigos.
Toda a vizinhança se reuniu e foi
até o fim da rua encontrar o tal homem. Chegando lá disseram que seriam seu
amigo e não o veriam com maus olhos. O homem, que agora sabemos seu nome, que é
Juca, ficou feliz com a notícia e prometeu mais bolinhos no dia seguinte.
Ah e outra coisa, que ainda ficou em
aberto, sabem porque todos os homens adormeciam sem conseguir ver o homem? Isso
tudo era sono mesmo, e até um pouco de preguiça. Por isso apenas o menino, que
havia cochilado de tarde conseguiu capturar o mistério.
PUBLICADO NO JORNAL
FOLHA DE NOVA HARTZ
SEMANAL EDIÇÃO N°
369 ANO X
SEXTA-FEIRA 27 DE
MARÇO DE 2015