Vito Campanella
Antonio Silva
Em
geral a relação com os vizinhos sempre foi boa. Moravam naquele lugar há anos e
jamais tiveram qualquer problema. A casa do lado era alugada, de tempos em
tempos trocavam os moradores, mas para eles pouco importava, para eles servia
aquela máxima “cada um no seu quadrado.”
A socialização entre eles e os
vizinhos do lado se restringia a um simples cumprimento e às vezes aquela
pergunta clássica quando não cabia o tradicional bom dia, sabe aquela “será que
vai chover?”
Mas, tudo mudou quando aquela família
mudou-se para a casa ao lado. Diferentemente dos vizinhos anteriores, eles
desde o primeiro dia, não se restringiram aos formais cumprimentos. Já tentaram
uma aproximação, inclusive indo na casa do vizinho já no primeiro dia.
A conversa era boa, pareciam gente
de bem, e mesmo ele que não gostava de ter seu momento de descanso com a
família interrompido, relevou em nome de uma possível amizade.
As visitas aos poucos foram se
tornando diárias, o tempo de permanência era maior e os vizinhos inclusive já
se sentiam a vontade para opinar sobre os assuntos da família. Isso começou a
irritar aquele homem tão calmo e sereno, chegou a dar algumas indiretas, só
assim às visitas diminuíram.
Mas, as coisas pioraram, os
vizinhos, começaram a pedir as coisas emprestadas. Em determinado dia pediram o
cortador de grama, no outro a mangueira, em outra oportunidade pediram o
liquidificador. E assim seguiram os pedidos intermináveis e até absurdos,
chegaram a pedir um colchão emprestado. Sem falar nos pedidos de sabão em pó,
comida, até roupas.
Além dos pedidos vieram o barulho,
barulhos incessantes, era música alta, conversas, gritos. Pareciam que eles não
tinham noção de que tinham vizinhos ao redor. Era uma situação terrível, eles
já não aguentavam mais.
Eles sempre relevaram, evitavam o
máximo reclamar, ao contrário dos vizinhos do outro lado que já haviam chamado
a polícia e tudo.
Aproximava-se o final do ano e eles
como sempre eles saiam de férias. Ah, as férias nunca tinham sido tão desejadas
como nesses últimos tempos, as férias seriam um alivio daqueles vizinhos. Logo
que as férias acabaram. E eles se preparavam psicologicamente para enfrentar os
abusos dos vizinhos.
Ao chegarem perceberam a casa vazia,
passaram um ou dois dias, e nada dos vizinhos aparecerem. Até que o dono da
casa apareceu, então o morador da casa ao lado perguntou: - Os moradores se
mudaram? – O senhor dono da casa olhou intrigado e disse: - Mas, não há
moradores aqui há tempos, até estou pensando em alugar a casa mesmo. –
Ele sem saber o que dizer calou-se e
foi para dentro de casa.
Moral da História:
Às vezes, Deus testa as pessoas
justamente nos seus defeitos para ver como elas reagem. Para ver se elas realmente são fiéis aquilo que dizem aos outros.
PUBLICADO NO JORNAL
FOLHA DE NOVA HARTZ PÁG 02
SEMANAL EDIÇÃO N°365
SEXTA-FEIRA 27 DE FEVEREIRO DE 2014
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