quarta-feira, 30 de julho de 2014

A VOLTA DE FELIPÃO

Imagem: Google
Antonio Silva

O bom filho a casa torna. Está marcada para quarta-feira, a apresentação oficial de Luís Felipe Scolari como novo técnico do Grêmio para o restante da temporada 2014. O fato está sendo comemorado pelos gremistas, pois Felipão era um dos principais nomes na lista de desejos dos gremistas       .
Felipão chega ao Grêmio depois do fracasso na copa do mundo com a seleção brasileira, e terá muitos desafios pela frente um deles é se reafirmar como treinador, pois os últimos trabalhos foram desastrosos.
Felipão além de buscar sua reafirmação como treinador, terá um enorme desafio de em um curto espaço de tempo, dar uma nova cara ao time gremista que apesar de um excelente plantel ainda não engrenou na temporada e sequer tem um padrão de jogo definido.
A chegada de um ídolo e um dos maiores treinadores do clube acalma os ânimos e renova as esperanças de salvar o ano. Tanto o Grêmio quanto Felipão precisam de um título para respirar tranquilamente no cenário do futebol. O tricolor entra nas oitavas da Copa do Brasil até lá haverá um bom tempo para trabalhar.
Acredito que Felipão chegue ao Grêmio diferente daquele treinador que trabalhou no Palmeiras e na Seleção. Uma grande derrota, um grande tombo faz qualquer um repensar a vida. Creio que virá para Porto Alegre um novo Felipão e que com ele nasça um novo Grêmio.
Se Fábio Koff “mitou” na negociação entre Grêmio e OAS, agora então será santificado pela massa tricolor, pois só Koff e mais ninguém conseguiria mudar a ideia de Felipão e tirá-lo do seu retiro pós-copa. Talvez Felipão esteja de certa forma agradecendo a Koff por tudo o que este proporcionou a ele na década de 90. Fábio Koff não viajou a toa, está próxima a eleição para presidente, e ele precisava de uma grande cartada para usar na campanha.
A verdade é que Felipão precisava do Grêmio e o Grêmio precisava de Felipão. Essa é uma relação que tem tudo para dar certo, pois o time precisava de um treinador de voz grossa que botasse ordem na casa, e isso Felipão faz como ninguém.
Agora é tudo com Felipão.

terça-feira, 29 de julho de 2014

ABRAÇOS GRÁTIS

Imagem: Google
Antonio Silva
 

Era numa capital, uma grande metrópole brasileira, eu não lembro se estava lá ou vi na tevê, li no jornal ou alguém me falou, mas a cena era incomum, aberta para muitas interpretações, de todas as formas, maneiras e dimensões.
A cena? Bem a cena era que parado na calçada misturado e envolvido pela multidão estava parado um senhor que aparentava mais ou menos ter seus setenta anos, mas e daí? O que tem demais em um homem parado em uma calçada em uma grande metrópole brasileira?
            Ele vestia calça social preta, sapatos igualmente pretos e de aparente boa qualidade, camisa xadrez apenas destacada pelo suspensório, assim como o corpo em geral o rosto era gordo, no lábio superior um fino bigode marca de um tempo, carro chefe de um rosto, um óculos pequeno que ficava minúsculo apoiado no grande nariz, os poucos cabelos pareciam mostrar que as preocupações venceram e se não venceram ao menos levaram seus cabelos.
Mas não é por isso que escrevo, pois se não fosse pelo que ele tinha não nas mãos ele seria mais um sem rumo no meio da multidão, bem o que ele tinha nas mãos? Era um cartaz, não daqueles que as pessoas usam para vender ou comprar alguma coisa, ou deste que estão na moda usados para protestar, o cartaz dele dizia: “Abraços Grátis.”  Aquilo de alguma maneira me tocou e me fez pensar, aquilo me incomodou, pois todo o abraço é gratuito então porque não abraçamos, os amigos, os vizinhos, aquela pessoa que passa por você, as vezes atormentada, com muitos problemas, precisando de muitas coisas inclusive de um abraço....
Não abraçamos não por vergonha, mas por que fomos ensinados pela mesma sociedade carente que o carinho, o sorriso, o abraço, é restrito aos próximos, aos familiares, mas não, não é, pois o abraço é responder a estímulos do corpo que precisa de mais dois braços para o enlace seja completo, o abraço é afeto do horizonte, é a chance de falar em gestos de unir corações.... Como dizia o cartaz os abraços são grátis, abrace todos aqueles que estão ao seu redor, seu pai, sua mãe, seu vizinho, seus amigos, seu cachorro, abrace! Permita-se ser abraçado, entre na onda do abraço e saia de braços dados mesmo que seja com você mesmo, como dizia o cartaz, o ABRAÇO É GRÁTIS!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

PORTA DA RUA SERVENTIA DA CASA

Imagem: grêmio.net


Antonio Silva

            Nem os dois gols de Barcos, nem as contratações de Giuliano, Fernandinho e Matías Rodrígues. Sequer a inter temporada durante a Copa do Mundo parecem mudar a opinião do torcedor a respeito do treinador Enderson Moreira.
            Após a derrota vexatória para o Coritiba de Celso Roth um dos piores times do campeonato. A torcida pediu a cabeça do treinador que definitivamente não consegue embalar o time e não é por falta de qualidade, pois o tricolor tem um dos melhores plantéis do país.
            Enderson, ficou marcado pelo desastre da final do Gauchão e dali por diante ele nunca foi o mesmo, o Grêmio sempre se mostrou oscilante e dependente de rompantes individuais, mas que sempre falharam diante de um futebol coletivo mesmo quando esse tinha menos qualidade.
            A demissão de Enderson é apenas mais um fracasso para a coleção gremista que parece não ter fim.
            Recomeçar um trabalho em meio a um campeonato é sempre difícil, mas, a tradição do futebol brasileiro é essa. 
            Agora é tentar juntar os cacos e terminar o campeonato brasileiro pelo menos sem o rebaixamento que sempre assombra o tricolor. Buscar na Copa do Brasil não apenas a vaga na Libertadores, mas, sim buscar a taça que é isso que o Grêmio precisa.
            De fato o Grêmio tem tudo o que é preciso para se reerguer, como eu disse no começo tem um dos melhores grupos do país e uma baita estrutura.
            Muitos nomes serão especulados, e a partir de agora começam as especulações, o torcedor quer Tite, mas, Tite não quer clubes agora tanto que negou a seleção brasileira ainda tem Ney Franco recentemente desempregado pelo Flamengo, Gilson Kleina demitido do Palmeiras, Felipão é sempre um nome a se pensar, Dorival Júnior, Gilmar Dalposo, o próprio Celso Roth pode reaparecer, entre outros.
            Mas, meu palpite especial: Ney Franco.

domingo, 27 de julho de 2014

BEIJO NA TESTA É...

Imagem: Lichtenstein
Antonio Silva

Eles se apaixonaram a primeira boca, sim não foi à primeira vista ou primeiro olhar. Foi à primeira boca mesmo, o estalar daquele beijo entre uma boca vermelha carnuda e de outra boca incolor, mas faminta, sedenta de paixão...
            Poucas eram as palavras entre os dois, ao menos para os que estavam próximos ouvir, conversavam no contato direto boca a boca, língua a língua, o que é o contato de duas línguas senão a maneira mais pura de falar.
            Cumpriram os mandamentos sociais de namorar, noivar, casar, lua de mel até juntar as escovas de dente... Enfim todos os parâmetros sociais pré-estabelecidos exigidos, mas com uma ressalva regados a muitos beijos de todos os tipos tinha o beijo nominal, seguido do beijo palpitante, beijo de toque, beijo direto, beijo inclinado, beijo voltado, beijo pressionado, beijo do lábio superior, beijo agarrado, luta de línguas, beijo que acende o amor, beijo que distrai, beijo que desperta, beijo revelador de intenção, beijo transferido, beijo demonstrativo.... E a lista segue quase infinita haja bocas para tanta criatividade.
            Mas com o tempo tudo diminui muito trabalho, pouco descanso, pressões afetivas e profissionais. Os beijos calorosos, ardentes e variados foram diminuindo, diminuindo até se reduzirem ao tradicional selinho, ou seja, a desculpa para o não beijo. Logo o selinho dela transformou-se em um beijinho na testa, imaginava ele que isso era um afeto a mais, um carinho da esposa que em meio a pressões e turbulências encontrara uma maneira de demonstrar todo seu amor ao marido.
             Tudo muda quando um colega metido a pensador em meio à roda de amigos na hora do cafezinho no trabalho disse: “Beijo na testa, carícia para o chifre.” Imediatamente lembrou-se de sua mulher e do gesto até então carinhoso praticado todas as manhãs.
            Mas será? Pensou ele, calou-se e tentou não deixar transparecer a dúvida, levantou-se e foi até o banheiro, analisou a testa centímetro a centímetro e tudo o que encontrou foi à saliência de cravos e espinhas que futuramente nasceriam, ou já seriam os chifrinhos? Não, não seriam!
            Lembrou-se da frase: “Beijo na testa, carícia para o chifre.” Respirou fundo e disse para seu reflexo no espelho é apenas uma frase, apenas uma frase e saiu, mas seu subconsciente dizia: É apenas uma frase, apenas uma frase por enquanto.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A BOLSA

     
Imagem: Google

Antonio Silva

            Era mais um dia de ônibus, já que todos os dias pegava-o para atravessar a cidade para chegar ao jornal. A lotação ultimamente fazia jus ao nome, já que às vezes era difícil até de respirar. Ele era colunista de um famoso jornal, mesmo assim dentro do ônibus era um ilustre desconhecido.
            O fato de andar de ônibus dava-lhe muitas ideias para escrever, um exemplo foi a crônica “lata de sardinha” que fazia uma critica bem humorada sobre a superlotação dos ônibus, ouvindo histórias de diferentes pessoas lançou o livro “46 sentados e 200 em pé.” Aquele parecia ser um dia de ônibus, mas começou diferente, primeiro o ônibus veio no horário, segundo ainda havia um lugar vago banco 42 correu e sentou, terceiro ao seu lado havia uma moça de mais ou menos vinte e quatro anos.
            Bonita? Não soube responder.... Como era um bom observador automaticamente em sua mente listou as características da moça loira, magérrima, um metro e oitenta, vestia um saia branca que deixavam suas longas pernas amostra, uma regata laranja, nós pés um sapato estilo amarrado cor creme, nas mãos um livro que parecia ler com intensidade e atenção, o rosto pelo que dava para ver era longo, um corte de cabelo moderno e nos olhos um grande óculos redondo que dava certo charme ao seu rosto.
            A divisão entre ele e a moça era feita por sua gigantesca bolsa, bolsa de couro muito bonita, aliás, após esse Raio X da moça seguiu olhando o horizonte e vendo o ônibus lotar, logo a moça fechou o livro e puxou a cordinha e levantou-se em direção a saída, José Costa seguiu olhando aquela moça moderna e estilosa que caminhava em direção a saída como se estivesse em uma passarela em Paris deixando para trás um rastro de seu maravilhoso perfume.
            Ele sempre descia na penúltima parada, por isso seguia lembrando daquela moça quando olhou para o lado que inacreditavelmente ainda estava vazio ou quase isso, já que aquela que ele classificou ser grande e bela, a bolsa da moça ela deixou esquecida abandonada no ônibus, ele olhou para o lado e disse para a mulher do outro lado do corredor: -Ela esqueceu a bolsa- ela respondeu: -Abra.
            Ele não abriu, ao descer pensou em deixar a bolsa ali no banco, mas decidiu levá-la já que poderia no dia seguinte reencontrar a moça e devolvê-la. Então levou a bolsa junto para o jornal, lá na esperança de encontrar algo que pudesse levá-lo a dona da bolsa abriu e de lá tirou muita coisa: dois batons, dois esmaltes, uma lixa de unha, uma caixinha de chicletes, um lápis e uma escovinha de cílios, um espelhinho, um pente, dois grampos, um pacote de lenços de papel, um lápis, uma borracha, uma caneta multicolor, um cartão de visitas de um salão de beleza, uma micro-camisola de seda preta, uma agenda em branco apenas como uma rosa dentro, um par de brincos, um protetor solar, um prendedor de cabelo, um livro chamado 46 sentados 200 em pé (sorriso largo) absorvente, um maço de cigarros pela metade, duzentos reais soltos, uma foto de pinscher, um chaveiro em forma de guitarra e lá no fundo uma carteirinha de um clube de natação.
            Na carteirinha o nome, entrou em contato com o clube de natação e pediu informações, a telefonista informou que não havia ninguém com esse nome ali ele agradeceu e olhou a data da carteirinha, estava vencida desde 1997. Depois de ver a mesa coberta com as coisas da bolsa pensou cadê os documentos? Parou e começou a lembrar da moça, voltou à cena do ônibus e lembrou-se de que ela carregava uma pequena bolsa pendurada transversalmente ali deviam estar os documentos, portanto com ela, sem saber o que fazer guardou cuidadosamente as coisas em seu devido lugar, pois sabia o quanto as mulheres eram detalhistas saberia o lugar de cada coisa no simples fato de olhar.
            Guardou a bolsa e seguiu trabalhando, levou-a para casa no ônibus além de olhares curiosos e alguns risinhos, seguia aquele homem com bolsa de mulher, carregava a bolsa todos os dias na esperança de reencontra-lá no ônibus, já havia feito dela quase um acessório seu. Passou um, dois e no terceiro mês, tomou um decisão anunciaria no jornal que havia encontrado um bolsa e assim o fez:
“Encontrei no ônibus uma bolsa grande de couro preta,  a dona  poderá recuperá-la indo até minha casa no endereço....”
            Ao chegar em casa logo a companhia tocou, abriu e uma morena identificou-se como, dona da bolsa ele sabia que não era ela, logo depois chegou uma senhora dizendo ser, também não, logo depois chegou uma loira, alta, mas gorda ao contrário da verdadeira. Naquela noite abriu a porta mais de cinquenta vezes e em nenhuma era a verdadeira dona da bolsa.

            Já exausto desligou a companhia e foi dormir, mas antes tomou uma decisão.  Na manhã seguinte saiu mais cedo e como naquele dia o ônibus também veio no horário, entrou e ainda havia um banco vazio o mesmo de número 42, correu e sentou largou a bolsa entre a divisória do banco e seguiu tranquilo, na penúltima parada puxou a cordinha e saiu depressa deixando a bolsa, assim como tinha acontecido com ele a senhora que estava sentada a seu lado só percebeu a bolsa quando o ônibus já estava longe, ela olhou para a mulher que estava do outro lado do corredor e disse: -Esqueceram essa bolsa- A mulher olhou e disse: -Abra!