Imagem: Google
Antonio
Silva
Num mundo que o verbo do movimento é comprar ela
andava na contramão, ela vendia, conseguirá um emprego numa loja de um shopping
qualquer. Bonita? Talvez. Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê. Estava
de olhos fechados.
O trabalho era tranquilo, atender,
mostrar produtos e convencer as pessoas a comprar, fazia isso até com certa
facilidade. Carismática e muito comunicativa em pouco tempo era a principal vendedora
da loja.
Tudo corria bem até aquele cliente
aparecer, um homem normal, se é que existe alguém totalmente normal, mas tudo
bem, um homem rico, ou aparentemente rico, poderia comprar a loja toda, mas só
olhava, olhava, e olhava...
Poderia comprar um terno novo, um
relógio novo, um sapato novo, um cinto novo... Talvez uma bolsa para guardar o
vazio de seus olhos. Nada apenas olhava, olhava. Para a moça como se quisesse
dizer-lhe algo, mas vira-se e vai embora.
Pela primeira vez um cliente seu
saia sem uma sacola que fosse, mas vida que segue amanhã é outro dia. Outro dia
que parecia repetição do anterior, pois novamente aquele homem vai à loja e
fica a observá-la, ela como boa vendedora é simpática e tenta fazer com que ele
compre algo, mas ele parece só ter olhos para o único artigo que não estava à
venda, a vendedora. Será?
Os dias passavam na mesma velocidade
de sempre, mas agora tinham dois olhos, duas pernas, dois braços, uma cabeça,
um corpo que a seguia. Todos os dias aquele homem ia a loja, mas nunca comprava
nada. Apenas olhava intensamente, ela sentia-se incomodada, mas enquanto ele
poderia vir a ser um novo cliente não se importava, mas quando percebeu que ele
não seria um novo cliente reclamou ao gerente que pediu para ele se retirar da loja.
Da loja saiu, mas nunca do alcance da bela moça da loja de grife, continuava
mesmo de longe a observando.
Ela já pensava em mudar de horário,
pedir transferência para outra loja, pedir demissão, pois tudo aquilo já
começava a incomodá-la, mas ele percebendo o desconforto nos olhos da moça,
aproximou-se. Desceu do carro e caminhou em direção a loja, ela que arrumava a
vitrine fez que não o viu, ignorou! Ele aproximou-se do vidro e imóvel ficou a
observar aquilo que poderia ser um manequim vivo.
Mas ela já não aguentava mais a
pressão e resolveu acabar com aquilo, foi em direção a ele e perguntou:
- O senhor quer comprar alguma coisa?
Ele pela primeira vez esboçou algo
parecido com emoção e sorriu dizendo:
-
Sim, você, Quanto custa?
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