Imagem: Google
Antonio Silva
Ela não tinha um cachorro, até porque sua mãe a julgava
pequena demais para isso. Ela tinha entre seis e sete anos, já não era tão
pequena assim, mas mesmo assim não podia ter um cachorro. Indiretamente ela
tinha um cachorro que morava na casa do vizinho.
Casa na qual passava na frente pelo menos três vezes por
semana quando ia a padaria buscar o pão para sua mãe. Ao vê-la o cachorrinho
preto de raça indefinida vinha correndo e ficava de pé no portão para brincar
com ela, passava fazia um carinho no cãozinho e seguia em direção a padaria, na
volta ela brincava com ele novamente já que a esperava no portão.
Gostava de brincar com o cachorrinho mesmo que fosse só
um pouquinho e pela tela mesmo. Na sua cabeça de imaginação fértil e inesgotável
sentia-se dona do cachorrinho, sonhava em brincar o dia inteiro com ele,
acariciar aquele pelo negro e brilhante, passear com ele na rua ser lambida no
rosto na mais sincera manifestação de carinho que podemos receber.
Na sexta feira sua mãe a mandou ir buscar o pão, saiu
saltitante, pois encontraria seu amiguinho, ao se aproximar da casa notou que
algo estava estranho, ele não estava no pátio e o portão estava aberto olhou,
olhou e não o viu teria ele fugido? Seguiu até a padaria segurando-se para não
chorar, comprou o pão e de tão preocupada com o cachorrinho até o troco esqueceu-se
de pegar.
Seguia firme na ânsia de encontrar seu cachorrinho,
caminhava a passos rápidos, mas parecia nunca chegar resolveu correr e logo
avistou a casa com o portão ainda aberto, a árvore na frente por alguns
momentos tampou seu amigo cãozinho que ao vê-la balançou o toquinho de rabo e
sentado com um brilho nos olhos parecia esperá-la.
Ela feliz em vê-lo aproveitou o fato de portão estar
aberto para poder brincar com ele, que ficou em pé apoiado em suas pernas, ela
o abraçou, ele passou a língua em seu rosto na mais bela manifestação de
carinho. Estava tão feliz de ver seu amiguinho que descuidou da sacola de pão,
o cachorrinho em um movimento rápido com a pata dianteira esquerda rasgou a
sacola e roubou um pãozinho e correu para dentro de casa.
Ela poderia ir atrás alcançá-lo e num ato de desespero
talvez até fosse bater nele, mas apenas segurou as pontas da sacola onde havia
rasgado assim fechando o buraco e seguiu para casa.
Afinal ela amava tanto aquele cachorrinho....
Ao chegar em casa chorando e contar o que aconteceu para
a mãe já esperava um sermão talvez até uma surra, mas a mesma a pegou no colo e
disse para ela se acalmar, pois estava tudo bem. E por um instante ela lembrou
sua infância, afinal ela também amou um cachorrinho...
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