quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A SOLITÁRIA DA LETRA G II

Imagem: Francis Picabia


Antonio Silva    
 
            Desde a primeira vez muito tempo se passou, aproximadamente dez anos e em meio há este tempo muitas coisas aconteceram dona Isabel morreu deixando o casarão para Gabriela, quem também morreu foi Rafael mais uma vitima do alcoolismo.
            Gabriela seguia sua vida, nas ruas da cidade recrutou meninas e expandiu o bordel, nas poucas vezes que falava com a família dizia estar muito bem na capital, contava a eles que trabalhava com gestão de pessoas.
            Com o passar do tempo a fama do bordel rompeu as fronteiras do casarão, muitos vinham de fora para conhecer a fama de Gabriela, que depois de uma noite de amor, faziam juras de amor e diziam-lhe entregar tudo só para tê-la como mulher. Gabriela jamais aceitou nenhuma dessas propostas porque gostava do que fazia. Fazia por dinheiro sim, mas adorava um sexo selvagem, prazer, homens diferentes todos os dias.
            Seu irmão mais novo inspirado no sucesso da irmã resolve ir procurá-la, e para fazer uma surpresa resolve ir sem avisar, não sabia o endereço só tinha uma foto do casarão. Ainda na rodoviária pegou um taxi e mostrou a foto ao taxista dizendo que queria ir naquele lugar.
            O taxista olhou-o com um sorriso malicioso nos lábios e disse: - Você é muito jovem para ir a estes lugares. Ele sem entender calou-se e ficou observando a paisagem de concreto.
            Chegando lá foi recebido por uma jovem loirinha apenas de trajes íntimos, sem entender o que poderia significar aquilo pediu por Gabriela, a menina chamou está que descia as escadas também de trajes íntimos, ao perceber que era o irmão tomou um susto e tentou se explicar.
            Ele ao vê-la naqueles trajes enfim entendeu e com raiva começou a xingá-la: - Então é isso que você faz sua mentirosa, sem vergonha, vagabunda, eu que achava que você era uma mulher direita, mas não passa de uma pu.... Não terminou a frase e sentiu uma forte dor na nuca, uma coronhada que um dos policiais clientes do bordel deu no irmão de Gabriela.
            Após acordar ele continuou a falar, dizendo que contaria tudo ao pai, quando disse isso Gabriela sentiu medo, sabia que se seu pai soubesse morreria de desgosto, talvez até se matasse. Pediu aos policiais que calassem a boca do irmão.
            Deram uma surra no rapaz que ele ficou um dia desacordado, Gabriela ainda cuidou de seus hematomas, deu-lhe um bom dinheiro pelo seu silêncio, além de mandar uma de suas meninas dar um presentinho ao irmão.
            Depois de embarcar o irmão de volta para o interior, era vida que seguia. Sabia que ele não falaria nada, não pelo dinheiro, mas sim pela surra. Meses se passaram e ultimamente Gabriela estava com poucos clientes que na sua maioria eram velhos endinheirados e totalmente impotentes, que só de vê-la nua pareciam que iam morrer.
            Naquela noite enquanto se penteava, uma de suas meninas anunciou que chegava mais um cliente, um coroa que parecia ter muito dinheiro. Ele a esperava no quarto da letra “G” o antigo quarto de Gabriela, está se preparou e foi para lá, ao entrar ficou imóvel, perplexa, parecia não acreditar. Aquilo que era para ser mais uma transa em sua vida acabava de se transformar em um show de horrores, ao olhar para a cama começou a gritar e chorar desesperadamente, pois aquele que estava deitado não era  apenas mais um cliente, aquele que estava deitado em sua cama e a olhava fixamente era seu pai.

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