Imagem: Francis Picabia
Antonio
Silva
Gabriela desde criança já chamava atenção pela sua
beleza, pele clara, cabelos escuros e olhos magnificamente verdes. Os anos vão
passando e Gabriela vai crescendo e junto cresce sua beleza e cresce também a
admiração daqueles que a cercam, sem dúvida a mais bela menina de sua cidade.
De repente Gabriela ao olhar-se no espelho viu que deixou
de ser aquela menina para se tornar uma mulher muito linda, aliás, isso fez com
que ela começasse a achar que sua cidade estava ficando pequena para seus
sonhos. Queria voos maiores, conhecer novos lugares, novas pessoas, respirar
novos ares.
O primeiro contato gerou surpresa com o tamanho e a
quantidade de gente, de carros, prédios altos que chegavam a dar tontura ao
olhar para cima. Passado o primeiro contato, tinha que dar o primeiro passo que
era arrumar um lugar para morar, andou muito e encontrou muitos lugares, mas o
aluguel caro de muitos lugares a afastou.
Depois de tanto caminhar encontrou a pensão de dona
Isabel uma prostituta aposentada que transformou seu antigo bordel em quartos
de aluguel, como o aluguel era barato resolveu então ficar com o quarto até
conseguir arrumar coisa melhor. Na pensão havia poucos quartos cerca de quinze
organizados em ordem alfabética e Gabriela pegou o mesmo da primeira letra de
seu nome, o quarto de letra “G” na pensão viviam cerca de seis pessoas entre
elas o poeta Rafael que encantou-se com a beleza de Gabriela e escreveu em um
pedaço de papel as seguintes palavras:
“Gabriela como é bela. Minha
linda Cinderela, Sou louco por ti, E quero com você viver,Um amor de
estremecer”.; Para conseguir entregar o poema a Gabriela, Rafael fez uso da
cachaça para criar coragem, e foi essa mesma cachaça que bebe para criar
coragem que foi a responsável por destruir sua carreira de poeta, quando
entregou o bilhete a Gabriela ela leu e sorriu, “será que ela gostou, ele
pensou?” com o mesmo sorriso no rosto ela rosto de Rafael ela beijou.
O tempo é por vezes cruel e já faziam dois meses e nada
de Gabriela arrumar emprego e suas reservas não estavam próximas a acabar, a
noite quando deitava-se para dormir pensava na sua situação e também pensava em
Rafael, olhava aquele pedaço de papel e sentia seu coração acelerar e um fogo a
percorrer seu corpo, aquela solidão a corroía por dentro e para isso resolver
levantou e saiu em direção ao quarto de letra “A” bateu na porta Rafael abriu e
ficou surpreso e feliz ao ver Gabriela semi nua a sua espera.
Gabriela o convidou para ir até seu quarto, quando ele
entrou o que restava de sua roupa ela tirou, ele sem reação apenas a olhava,
pois vê-la nua como ele mesmo definiu era a visão do paraíso. Passaram aquela
noite juntos Rafael beijou cada pedacinho daquele corpo que tanto desejava.
Rafael antes de sair deixou ao lado da cama sobre o
criado mudo uma boa quantia em dinheiro que talvez fosse suficiente para
Gabriela passar pelo menos dois meses, não se importava em deixar todo o
dinheiro que ganhava em seus bicos se este fosse para sua deusa. Ao acordar e
ver o dinheiro Gabriela pensou em devolver, mas relevou e o dinheiro guardou,
pois o seu já havia acabado e nada de conseguir emprego.
Já fazia quase um ano e nada de Gabriela arrumar emprego,
todos os dias saia ela a andar pela cidade, mas, sem sucesso voltava triste e
desiludida, só não era totalmente infeliz porque tinha Rafael para consolá-la
durante noites de amor. Gabriela estava preocupada e contou a sua situação dona
Isabel que tratou de acalmá-la dizendo que ali ela sempre teria um lugar para
ficar, perguntou a dona Isabel se ela não sabia de um lugar onde ela pudesse
trabalhar a vela prostituta olhou para ela e suspirou e disse que nos áureos
tempos de seu bordel Gabriela ficaria rica, pois era uma mulher completa.
Gabriela nada falou foi para seu quarto e deitou-se. Levantou
olhou-se no espelho e perguntou para si mesma se havia sido tão bom com Rafael,
seria bom experimentar com outros homens?
Desceu chamou dona Isabel, perguntou se ela ainda tinha
bons contatos queria ela trabalhar, precisa ganhar algum dinheiro. Dona Isabel
pegou a velha agenda e ligou para alguns antigos fregueses que vieram visitar
Gabriela no quarto da letra “G”.
Aquele entra e sai de homens fazia dona Isabel lembrar os
tempos de juventude e dos tempos áureos de seu bordel, a fama de Gabriela logo
se espalhou, e muitos que jamais passaram por aquele quarto da letra “G”
diziam: “Gabriela na cama deixa de ser a jovem delicada e por vezes tímida que
conhecemos para se tornar uma fera insaciável e por vezes indomável”. Naquela
rua era um desfile de carros pretos.
Rafael apenas assistia as inúmeras noites de folia que no
quarto da letra ”G” acontecia de desilusão se enchia de cachaça e saia pelas
praças a cantarolar o seguinte versinho:
“Venha quem vier, Eu
fui o primeiro! E o primeiro jamais é esquecido, Por isso hoje sou, Um eterno
desconhecido”.
Essa
é a história de Gabriela, aquela que por mim é conhecida apenas como a
Solitária da letra G.
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