sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O PÃO NOSSO DE CADA PÁGINA


Antonio Silva

Embora pareça fácil para quem abre o jornal ver o texto lá pronto apenas pedindo para ser lido, saiba que não, o trabalho de sua construção é árduo nem sempre somos agraciados com a tal da inspiração que no fundo nem existe, mas convém fingir que acreditamos para não termos que contar os detalhes sórdidos da imaginação.
Porém pensar num assunto que possa ser atrativo e conveniente para levar a leitura, posteriormente à apreciação do leitor e mais posteriormente ainda à discussão ou reles lembrança do que foi escrito e que possa ser bom o suficiente para que ele volte a ler na semana seguinte.
A fonte ou aquilo que alguém chamou de inspiração, pode se encontrar em qualquer caminhada, em qualquer rua, o ser humano é uma fonte inesgotável de histórias, basta sair um pouco e você vai voltar cheio de ideias. Poderia estar aqui agora contando da matilha que surpreendeu a todos no centro da cidade, um conjunto de mais ou menos dez cães que caminhavam juntos, aquilo despertou olhares curiosos ou apreensivos, poderia estar contando sobre como a felicidade pode ser relativa e como uma pessoa que não tem pernas corre livremente pelas calçadas com um sorriso no rosto.
Assuntos nunca faltam, mas tem dia que as palavras se negam a colaborar e por mais que tentamos não saímos do chão, até mesmo os diálogos mais simples parecem absurdos, e ficamos horas e horas em frente ao computador e não sai nada. A página em branco é uma tortura o cursor do texto é o torturador.
É assim que estou me sentindo agora, um torturado, estou com aqui contando como se constrói um texto ao invés de fazer um, posso nesse momento estar comprometendo meu espaço, mas não apresento condições de fazer algo diferente do que estou fazendo.
Como eu disse há dias em que as coisas não acontecem, esse pode ser o meu.

PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE NOVA HARTZ SEMANAL ANO X EDIÇÃO N° 353 SEXTA-FEIRA 17 DE OUTUBRO DE 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário