Imagem: Tarsila do Amaral
OPERÁRIOS
Antonio
Silva
Eles difundiram a arte
da repetição,
Dia após dia fazem tudo
sempre igual,
Levantam cedo.
Arrumam seu café.
Vestem sua armadura,
Um jaleco alguns verde
outros azul.
E seguem seu rumo em
multidão,
Sem sorrisos,
Sem expectativas,
Sem sonhos,
Seguem o único rumo,
Que seus pés sabem
caminhar.
O barulho das máquinas
é seu despertador,
O couro é sua segunda
pele,
A cola é sangue em suas
veias,
A esteira o batimento
de seus corações.
Confeccionam sapatos
para dormir à noite,
Confeccionam sapatos
para suportar um dia inteiro em pé,
Confeccionam sapatos
alheios à tristeza,
Confeccionam sapatos
alheios ao cansaço,
Confeccionam sapatos a
indiferença.
Para eles viver é se
repetir,
Férias são pequenas
mortes,
O seu tempo um
carrossel.
Confeccionam sapatos
para andarem descalços.
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