Imagem: Eduardo Nasi
Antonio Silva
Foi depois de um encontro com os
antigos amigos da escola que ele percebeu que sua vida havia parado, estavam
todos casados, felizes, todos tinham família. Ele era o único solteiro. Ao sair
da festa passou por um bar, iria beber e procurar uma mulher, ou pelo menos
afogar-se nas lembranças da contagiante felicidade alheia.
Depois de algumas cervejas,
aproximou-se uma mulher, sentou ao seu lado e pediu uma cerveja, olharam-se ele
sorriu ela devolveu, aproximaram-se as garrafas no balcão, aproximaram-se os
corpos. O sorriso inicial transformou-se em palavras, as palavras aproximam e
logo estavam colados.
Trocavam mais que olhares, palavras,
gestos, dividiam uma solidão e uma necessidade de completar-se, a noite passou
rápido, as cervejas acabaram e o bar fechou, trocaram telefones e cada um
seguiu seu rumo deixando um pedaço seu com a desculpa para voltar.
Os encontros tornaram-se rotineiros,
a aproximação foi rápida, intensa, quente, logo trocaram as palavras por
beijos, às caricias tornaram-se mais intimas. Estavam embriagados de amor,
viciados um no outro, passavam todo tempo trocando mensagens apaixonadas,
encontravam-se toda a semana ou no bar ou na casa dele. Certa vez depois de
beber um pouco demais e se exceder nos carinhos tentou levá-la para o quarto,
mas ela recusou-se nada que abalasse aquela relação.
Dias depois ela parecia estar a fim,
diferente das outras vezes ela não quis ir para sua casa, levou ele até seu
apartamento, beberam, conversaram, e
logo estavam, no quarto. Quarto um pouco escuro, mas não precisavam de
luz eram guiados pelo extinto, pela excitação, pelo desejo de unir-se um ao
outro e finalmente vencer a solidão, completar-se-iam e confirmariam aquela
arrebatadora paixão.
Paixão que nele provocava ciúmes intensos
e nela uma certa indiferença, seu ciúme era tão intenso que ao ver sobre o
criado mudo a foto de um homem já soltou-a e incomodou-se com a situação era
percebível em seu olhar a indiferença e parecia incomodado só de pensar que ela
poderia ter outro homem.
Mas também pensava que aquele homem
poderia ser seu irmão, um primo, quem sabe seu pai na juventude, ela percebendo
seu desconforto tratou de acalmá-lo acariciando-o, mas ele parecia evitar seus
carinhos, pensava e se não fosse seu irmão? Seu primo? Ou seu pai? Se fosse um
ex, ou quem sabe outro? Será?
Ele tentava seduzi-lo fazer voltar-se
para ela, mas a duvida era mais forte, impedia-o de concentrar-se no tão
esperado momento, era a chance de tê-la, de possuí-la como mulher de realizar
suas fantasias, mas tudo isso, ficou em segundo plano ao ver a foto daquele
homem que fosse quem fosse ele precisava saber, então perguntou a ela que já
estava sentada na cama.
-
quem é aquele cara da foto?
Ela demonstrava com o silêncio durante toda aquela
cena que temia a pergunta, mas o temor disfarçado pelo silêncio não adiantou a
tão temida pergunta “quem é aquele cara da foto?” foi inevitável. A curiosidade
era puro ciúmes, pois em sua mente ele sabia e considerava-se muito mais bonito
que aquele outro sendo ele quem quer que fosse, e sabia que ela jamais sairia com ele, mas a dúvida é a mãe da
traição e o silêncio o suposto pai, então ele repetiu a pergunta: - quem é
aquele cara da foto?
Ela
pensou em não dizer, ficar em silêncio e acabar com tudo aquilo, mas já o
amava, o desejava, nutria seus sonhos aparentemente perdidos nele, e já
considerava-se pronta para falar, já o amava o suficiente para falar....
Então
disse: - o cara da foto?
Esse cara era eu!
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