segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

MENTES COBERTAS PARA CORPOS NUS

Jules Joseph Lefebvre Chloé

Antonio Silva


            Continuando o assunto da semana passada quando terminei o texto falando em correr pelado. Retomo devido as constantes nudezes atléticas que roubaram a cena no nosso noticiário nos últimos tempos.

            Foi interessante ver como a imprensa abordou o tema, passou a catar pelados por ai, para manter a novidade por mais tempo. Acredito que os primeiros abriram as portas para muitos outros tomarem coragem e sair balançando suas partes salientes por ai.

            Mais interessante que propriamente a imprensa noticiar os fatos, foi à reação da nossa sociedade “moralista” e “conservadora” quanto a isso. Foram bombas de comentários chamando os atletas da liberdade de depravados, doidos, desavergonhados, doentes. Até a psicologia foi envolvida no caso, e como a psicologia é boa, sempre acha solução para tudo, inclusive para aquilo que não precisa de solução. Ela como boa mãe da proteção moral da sociedade optou, por dizer que aqueles que corriam pelados sofriam de alguma anomalia, assim acalmando as massas revoltosas.

            Mas, entristeci com a reação social, e só agora percebi o quanto a nossa sociedade é atrasada. Não uso nem o termo conservadora, pois creio que não se aplica ao nosso caso. Pois um fato como este poderia ser explorado para o bem da população, poderíamos criar uma Sociedade dos Pelados Brasileiros, onde quem é praticante ou simpatizante da causa poderia participar. Talvez pudéssemos criar uma espécie de Corrida de São Silvestre para os atletas pelados junto premiar as melhores curvas.

            Com uma iniciativa conseguiríamos criar um modelo de sociedade menos consumista. Conseguiríamos exaltar os fotógrafos que fazem nu artístico quase as escondidas, sem falar talvez pela primeira vez na história do Brasil conseguiríamos criar artistas como Francis Picabia, Henri Toulouse,  Sandro Botticelli ou Jules-Joseph Lefebvre  que se consagraram na arte de retratar o nu.

            Ao invés de fazer tudo isso, nossa sociedade vestiu os pelados com a roupa da falsa moral, foram criticados, crucificados, execrados. Quando deveriam ser aplaudidos pela sua coragem. Enquanto se horrorizavam com os pelados nem se importam com os corruptos de terno e gravata que seguem faturando alto e vendendo essa falsa moral.

            As peladas renderam muito assunto e, há nisso tudo uma leitura social muito importante, as peladas explicam a ascensão da mulher, pois mais uma vez elas saíram na frente, foram para as ruas peladinhas da Silva enquanto os homens saíram de cuecas.

PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE NOVA HARTZ
SEMANAL ANO X EDIÇÃO 359 PÁG. 02
SEXTA-FEIRA 05 DE DEZEMBRO DE 2014

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