Antonio
Silva
Então novamente me vejo perdido em
meio à expectativa de mais um Natal que está chegando. Junto com ele todas
aquelas falsas bênçãos que se não vierem acompanhadas de um belo presente
virarão as mais cruéis das maldições.
Ai eu penso: “Se existisse o prêmio
do mais cético homem explicando o natal, eu venceria?” Não sei! Mas, não pense
você que não gosto de natal por causa de alguma frustração como não ganhar o
que queria ou não tirar foto com o tal do papai Noel. Pois é talvez ele é que
seja frustrado comigo, já que eu nunca me dei ao luxo de acreditar nele. Sempre
ganhei bons presentes, às vezes maiores do que a minha própria imaginação, mas
eu sempre agradeci a meu pai e minha mãe, nunca desmereci o esforço deles
agradecendo a um personagem capitalista.
Sim, o tal do Papai Noel é sim um produto do maldito capitalismo que
tanto amamos. Nada é por acaso, tudo nele foi pensado, ele não veste roupa
vermelha por acaso, mas sim porque o vermelho é uma cor de afeto, que chama atenção,
por isso também é conhecida como a cor da paixão. Paixão está que desperta os
mais variados sentimentos a favor daquele velhinho simpático que dispõe de seu
tempo, mas porque um velhinho? Porque na lógica do convencimento pessoas mais
velhas são dotadas de sabedoria e despertam menos atrito em possíveis
discussões.
Segundo a história criada para
vender o natal. Esse mesmo velhinho vive num lugar muito distante produzindo os
desejos das crianças bem comportadas durante o ano, esse ajudantes que trabalham
não são duendes, mas sim os pais da crianças. Os filhos comportados são aqueles
que vão a escola e não questionam, simplesmente processam o que recebe para no
contraturno se entupir de televisão e assistir as propagandas dos produtos que
o Papai Noel já fabricou para eles torturarem seus pais.
Assim os duendes, digo os pais, vão
ter que desembolsar um bom dinheiro para comprar o presente que o Papai Noel
vai trazer para o robozinho que cresce diante da televisão e que mais tarde vai
achar que o mundo é torto, vai fazer protesto em redes sociais e se achar um
grande ativista, mas isso é assunto para outro dia, ok?
Ah, o dinheiro não poderia passar
sem falar no maravilhoso dinheiro, pois é motivado por ele que aquele senhor
grisalho e barrigudo vai deixar a barba crescer, vai vestir uma roupa
quentíssima mesmo num verão de 40º vai sorrir e tirar foto com um monte de
criança.
Mas, gostei muito de ver como as
pessoas reagem a algo fora deste padrão, recentemente apareceu um “Papai Noel”
todo tatuado e quase que ele fez o papel de Jesus, pois foi crucificado pelo
povo moralista e padronizador que se diz pronto a conviver com as diferenças.
Nunca me esqueço daquela frase:
“Papai Noel não esquece de ninguém.” Uma baita piada de mal gosto, se pensarmos
em todas as crianças pobres que o bom velhinho capitalista deixa para trás.
Lembro da história de um amigo de família muito
pobre que morava no interior nessa época ele perguntava para a mãe porque o
Papai Noel não vinha ela dizia, que era porque eles moravam muito longe. O
tempo passou e eles foram morar em uma vila na cidade e o tal do velhinho
continuava a não vir, então ele questionou, a mãe sem saber o que dizer
justificou dizendo que o Papai Noel não devia ter o endereço deles. Doce
desilusão.
O natal que realmente deveria ser comemorado, ou
seja, o nascimento de Cristo não existe mais, pois o próprio Jesus ensinou como
deveria ser, mas o que vemos hoje é exatamente ao contrário.
Jesus pregava a simplicidade, a união, a harmonia e
a compreensão nesta data. Pena que com o tempo e com as transformações esses
valores se perderam ou se inverteram.
Pobre de Jesus Cristo que nasceu no mesmo dia da
celebridade chamada Papai Noel.
PUBLICADO NO JORNAL
FOLHA DE NOVA HARTZ
SEMANAL ANO X EDIÇÃO 361 PÁG. 02
SEXTA-FEIRA 19 DE DEZEMBRO DE 2014
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