segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A CALCINHA DA COLEGA



Antonio Silva



Ele era um homem sério, íntegro e 100% fiel à mulher que dividia a vida, digo 100% fiel, pois ele era fiel até em pensamento, jamais cobiçou outra mulher ao olhar, jamais pensou em outras mulheres, sendo que a maioria dos homens ao menos pensa, deseja ou imagina um casinho com aquela bonitona maravilhosa que cruza na rua, na academia, no trabalho, mas ele não! Jamais! Jamais até conhecer ela.

            Ela era a colega nova, uma mulher no meio da homarada da empresa, e ela era um espetáculo de mulher daquelas de admirar e contemplar cada centímetro. Todos naquele escritório sugavam-na com os olhos, pareciam lobos sedentos observando a caça. Ela percebia e esnobava os ensejos masculinos.

            Ele mantinha sua postura, não olhava mesmo suas mesas sendo frente a frente apenas separados pelo corredor, não cobiçava, não desejava ela como os colegas, até em determinado dia ela veio até ele.  Precisava de algumas planilhas da empresa, chegou e sentou a sua frente cruzando as pernas. Ele nunca havia reparado naquelas pernas, naqueles seios grandes, naquela boca larga e vermelha, naqueles cabelos vermelhos, e aquele perfume, por instantes se desconcentrou.

            Conversa vai conversa vem, sopra um vento pela janela aberta e as folhas que estão em sua mesa caem. Ele abaixa-se para juntar e ela na tentativa de ajudar faz o mesmo, ele de joelhos num movimento involuntário acaba levantando a cabeça e vendo a calcinha dela. Nesse instante sentiu um calor no rosto como se todo o sangue do seu corpo viesse para sua face, rapidamente olhou para ela e disfarçou e teve certeza que ela não percebeu.

            Mas, algo intimamente estranho lhe aconteceu aquele dia, ele que nunca havia olhado ou pensado em outra mulher não parava de pensar nela, não parava de pensar naquela cena. A calcinha era uma de renda cor de rosa, daquelas bem pequenas provocantes que as mulheres usam em momentos especiais.

            Foi para casa atordoado precisava parar de pensar naquela calcinha, mas também precisava parar de pensar na dona dela. Quem sabe um banho gelado, quem sabe ler um livro, assistir um filme, quem sabe transar... Nada! Resolveu dormir, dormiu mal, ficou naquele dormia e acordava. No outro dia levantou cedo e foi trabalhar.

            O trabalho era seu elixir, mas não! Aquele dia não deu nada certo no primeiro dia após conhecer uma calcinha que não fosse a nova de sua mulher. Naquele dia pecou com toda a argúcia como nunca tinha feito durante toda sua vida matrimonial. Seu dia resumiu-se a seguir com os olhos por onde ela fosse seus olhos eram a plateia para o desfile das suas curvas e que curvas, malhadas dia a dia em alguma academia da cidade.

            Em um determinado dia ela faltou. Nessa altura do campeonato já eram amigos, quase íntimos ela era sua única amiga. Ele concentrado no trabalho, foi usar o grampeador e estava sem grampo, abriu a gaveta e não tinha grampos. Foi até a mesa dela para ver se tinha, abriu a gaveta e viu aquilo que fez seu coração disparar, esqueceu completamente dos grampos, viu a tão inquietante calcinha rosa. Naquele momento sem pensar pegou a calcinha e colocou no bolso.

            Foi para casa e foi direto para o banheiro, trêmulo de emoção, tirou a do bolso acariciou, olhou cada detalhe, sentiu a textura no rosto, cheirou. Passado o êxtase pensou, será que ela deixou de propósito? Será que ela percebeu meus olhares? Ou será que apenas esqueceu? Será que irá buscar?

            Naquele momento mesmo saiu e disse para a mulher que voltaria ao escritório, pois havia esquecido o celular. Chegou lá abriu a gaveta, mas antes de colocar sentiu-a mais uma vez, colocou fechou a gaveta e foi embora.

            Na segunda-feira, ele chegou e tentou manter a naturalidade, ela chegou, e ele ficou observando de canto, ela abriu a gaveta e a surpresa. Ela grita: - Quem colocou isso aqui? De quem é essa calcinha? Que brincadeira é essa?

            Nesse momento ele também ficou a pensar de quem era aquela calcinha e prometeu para si mesmo que jamais se encantaria pela calcinha de uma colega. 


PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE NOVA HARTZ SEMANAL ANO X EDIÇÃO N° 352 SEXTA-FEIRA 10 DE OUTUBRO DE 2014

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

AS MÁSCARAS COMEÇAM A CAIR

Imagem: Site FG


Antonio Silva

            É simplesmente inacreditável poderia até ser mais, mas faltam adjetivos para descrever a derrota do Inter diante da Chapecoense, pois nem o mais pessimista previa uma derrota e muito menos uma derrota de 5 a 0.
            Diante disso muitas avaliações podem ser feitas, o Inter depende de D´Alessandro, é um time fraco tecnicamente e lento, a defesa é uma piada de mal gosto, para quem já teve Gamarra, Figueroa e Índio, ser representado por Juan e Paulão é dose.
            Escrevi na crônica passada “Já o Internacional voltou a ser o velho Inter, que em 2014, tem a fama de ressuscitar os mortos e reanimar os moribundos”, e ontem isso se confirmou, já que a Chapecoense estava na porta da zona de rebaixamento só esperando alguém para recomeçar que ironia...
            Diante do maior fiasco do ano colorado, fico pensando qual é o poder de Abel? Qual é a força que o mantém? Pois tenho certeza que se fosse qualquer outro treinador já teria sido demitido. Abel queima os garotos do time, protege os medalhões e se justifica com discursos vazios nas entrevistas como se os resultados fossem alheios a ele. Tudo bem que ele é o maior treinador da história do clube, mas tudo tem um limite.
            Com Abel o Inter se tornou o time das eliminações, Copa do Brasil para o Ceará, Sul-Americana para o Bahia, sem falar nos tropeços vergonhosos como o Figueirense no Beira-Rio. Diante disso tudo de quem é a culpa? Quem vai arcar com as consequências? Abel tem imunidade, mas o presidente Luiggi e seus companheiros não. Não tenho a menor dúvida que esse resultado implicará diretamente nas eleições do clube, boa parte da torcida quer a cabeça do presidente, pois tem uma gestão desastrosa com mais perdas do que ganhos e acumula sem parar fiascos.
            As vitórias mascararam os problemas do time, o Inter precisa contatar muito para 2015 e não precisa serem craques de renome e salários gigante, mas sim contratar jogadores equivalentes, ou seja, montar um grupo do mesmo nível técnico, eis o segredo do Cruzeiro é um time médio, de reservas médios que quando entram mantém o mesmo nível de qualidade.
            Se não bastasse a goleada Abel ainda promoveu a estreia de Nilmar, que recepção cinco estrelas hein? Brincadeiras a parte Nilmar estreou bem, melhor inclusive dos que estavam em campo, ai dá para medir o nível técnico do time?
            Paralelamente comparei esse Inter com o Inter que venceu os Gre-Nais e foi campeão Gaúcho e vi os mesmos problemas, Abel superou Enderson Moreira na experiência, o jovem treinador tremeu e o vovô aproveitou. No Gre-Nal do brasileirão Felipão recém tinha assumido a equipe e mesmo assim chegou a ser melhor, ali venceu o mais preparado.
            A diferença que garantia o Inter no G-4, acabou e a sequência que se aproxima é cruel, o colorado vai ter que se mexer ou logo verá sua vaga no grupo da Libertadores ameaçada e pra piorar a situação já tem logo atrás o maior rival aquele mesmo que parecia tão distante.
            Há muitas nuvens negras pairando sobre o Beira-Rio agora é só esperar para ver. Resultados assim decretam o desejo de mudança vamos ver 2015.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

UMA RODADA ESQUECIDA

Imagem: Site FG


Antonio Silva

            A obrigação democrática de votar ofuscou uma das mais importantes rodadas do campeonato brasileiro, e há o que discutir, pois o Grêmio perdeu nas chances desperdiçadas e no erro do árbitro. Já o Internacional voltou a ser o velho Inter, que em 2014, tem a fama de ressuscitar os mortos e reanimar os moribundos.
            O Grêmio enfrentava o São Paulo na Arena lotada, cheia de Gremistas doidos para vencer o São Paulo velho rival fora dos Pampas e velho freguês em momentos importantes. A arena cheia viu um futebol parelho o Grêmio atacou muito, mas pecou naquilo que é essencial no futebol a maldita finalização. Finalizações a parte o São Paulo aos poucos vai se reencontrando com seu maior avalista de vitórias a arbitragem. O pênalti para os paulistas foi legitimo sim! Mas e o pênalti da bola na mão quando o Zé Roberto chutou que ele sonegou ao Grêmio?
            De fato gostei muito do desabafo de Felipão na coletiva, pois acredito que o futebol é o que é, porque usados demais o politicamente correto e engolimos os problemas que estão aos nossos olhos. Faço minha suas palavras “Bando de Safados” e são mesmos e incluo nesse saco não apenas a arbitragem, mas também a CBF, a FIFA e nosso glorioso STJD, que juntos formam uma quadrilha para interesses próprios. Ainda bem que o povo está começando a perceber, como as coisas em nosso país são um pouco lentas espero estar vivo para assistir a Revolução do Futebol Brasileiro.
            Sobre o Internacional, sinto dizer, mas foi bem Internacional, entrou apático desligado e em duas falhas perdeu a chance de brigar de verdade pelo título. As duas dormidas da defesa custaram um ano de trabalho e 30 e poucos anos na fila. De bom mesmo foi o golaço de Alex que diminuiu as consequências do fracasso em minas.
            De fato não vejo nada de concreto no que diz respeito aos nossos dois clubes, estamos vivendo uma fase de revelações, precisamos acordar para os conceitos futebolísticos senão passaremos nossos próximos anos apenas sonhando e se lamentando que podia ter sido diferente.
            E foram essas e outras discussões que passaram despercebidas em um domingo em que nos voltamos para a democrática obrigação de votar.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

AQUELE DIA, SENTADO ELE CHOROU



Antonio Silva

            Só ele sabia da importância de vestir aquela camisa branca de listas horizontais azuis, calções e meias igualmente brancas. Quando entrava em campo corria mais que todos, brigava mais que todos, seu desejo de vencer contagiava a todos.
            Ele era um dos poucos que ainda jogava por amor, jamais aceitou trocar de time porque amava demais aquelas cores, nunca se imaginou com outras cores que não fossem as daquele time, nem no seu pior pesadelo pensou em vestir vermelho e preto (as cores do maior rival).
            Seu amor era maior até que o cansaço, ele contrariava as leis biológicas, parecia não cansar, treinava a exaustão, e depois do treino continuava a treinar faltas e pênaltis. Marcava em praticamente em todos os jogos, era o jogador decisivo, os torcedores sabiam que com ele em campo o time jamais perderia, dizem os mais apaixonados que com ele em campo o time jamais perdeu.
            Dizem ainda que ele jamais perdeu um pênalti nos anos que esteve lá, os torcedores o idolatravam a ponto querem uma estátua dele no estádio, pediam para imortalizar sua camisa, mas ele queria mesmo é fazer gols, vencer, fazer história e alegrar o mais fanático torcedor daquele clube, ele mesmo.
            Mas, nem tudo isso foi suficiente para evitar que um dos diretores pedisse sua saída, segundo ele o time precisava se renovar, apostar em jovens, de acordo com esse diretor ele já estava velho demais e depois do jogo o presidente deveria chama-lo e dizer que seu contrato estava encerrado.
            Naquele dia havia jogo contra o maior rival (o time de camisa vermelha e preta) ele deixou o seu numa cobrança de falta magnifica que garantiu a vitória. A alegria da vitória perdeu-se na tentativa de entender o motivo do desligamento, pois ele ainda tinha condição de jogar, ainda mostrava em campo que estava em plena forma, mas, se era o melhor para o clube ele aceitou. E nem mesmo os protestos da torcida fizeram a direção mudar de ideia.
            Pela primeira vez sentiu-se sem chão, sem saber o que fazer, pois a vida toda veio aquele lugar e agora o que faria? Nessa época o futebol ainda não fazia milionários como hoje, precisava arrumar algo logo, precisava colocar comida na mesa.
            Continuou treinando sozinho no campo de terra perto de sua casa até aparecer algo, mas, nada aparecia. Logo completava seis meses que ele estava sem jogar, até que apareceu uma proposta do rival (aquele time vermelho e preto) pensou em não aceitar, o torcedor em si negou com todas as forças, mas, o atleta precisava colocar comida na mesa, por isso, disse sim!
            No lado azul e branco a notícia caiu como um balde de água fria, chamaram-no de traíra, de vira-casaca, de outras coisas que não convém escrever aqui, mas, ele não tinha outra escolha.
            A camisa vermelha e preta não caiu bem, ficava desconfortável, pesada, irritava seu corpo, mas, ele precisava. Logo no primeiro jogo mesmo sob a desconfiança da torcida vermelha já marcou, mas, não sentiu o mesmo prazer de sempre.
            Os jogos foram acontecendo, ele alternava entre boas e más atuações e quase em nada lembrava o craque que era quando jogava no agora rival (o time de camisa azul e branca). Até que chegou o momento de maior tensão o clássico entre vermelhos e azuis, entre seu antigo time e seu atual. Como seria jogar contra seu coração? Contra sua torcida? Contra seu time?
            Ele pensou tanto nisso que na sexta-feira, dois dias antes do jogo sentiu a coxa esquerda, estava fora do jogo. Havia uma remota chance, ele pediu para ficar no banco. E sentiu pela primeira vez ao entrar em campo o que aquela mudança significava, pois ele foi aplaudido pela torcida azul, foi à forma deles agradecerem por tudo. No jogo seu time (o time vermelho) venceu o time azul.
            Dizem alguns torcedores vermelhos que a lesão foi fajuta ou de fundo emocional apenas para não jogar contra seu clube do coração, mas, de fato é que naquela tarde sentado no banco de reservas ele chorou.

PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE NOVA HARTZ SEMANAL ANO X EDIÇÃO N° 351 SEXTA FEIRA 03 DE OUTUBRO DE 2014

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

MARCELO GROHE É SELEÇÃO!!!

Imagem: Site FG



Antonio Silva

                Já dizia o poeta que “quem espera sempre alcança” e ele esperou, e como esperou. Marcelo recebe aos 27 anos a sua primeira chance de vestir a camisa da seleção brasileira, e se não fosse o atraso de vida da contratação de Dida pelo Grêmio em 2013, Marcelo teria chegado ainda antes na seleção.
                Injustiças à parte Marcelo Grohe é junto com a sólida defesa do Grêmio o grande responsável pela renascença tricolor no campeonato. Não é por acaso que ele está a oito jogos sem tomar gols, pois tem feito defesas espetaculares que contribuem diretamente para as vitórias do Grêmio.
                Defesas que me credenciam a dizer que ele é o melhor goleiro do país. O importante era a primeira chance, era chegar lá. Dunga demonstra um pouco de lucidez, pois seus dois goleiros são insuficientes, já que um defende um time que está lomba a baixo no brasileiro e o outro um time médio da Itália.
                Marcelo tem um emocional forte para defender a seleção, sabe aguentar a pressões como aguentou ser reserva durante toda uma temporada de um ex-goleiro, mas, também teve personalidade de entrar em momentos na fogueira e segurar a barra.
                Acredito que a partir do momento em que ele vestir a camisa 1 da seleção não irá mais tirá-la. E se um bom time começa por um bom goleiro, Dunga deu o primeiro passo para termos um bom time convocando Marcelo Grohe.