domingo, 9 de agosto de 2015

UMA RUA DE HISTÓRIAS

Imagem: Google
 

Bruna Beatris Berghan

    Existem coisas em nosso cotidiano que por vezes nos passam despercebidas. Coisas que simplesmente passam por nossos olhos sem ao menos chamar atenção. Sem se tornar alvo de nosso olhar.
    Uma coisa me chamou atenção esses dias, e desconfio que poucas pessoas repararam naquela cena. Uma rua repleta de histórias e muito movimentada. Lá todo mundo repara quando quem chega é visitante. Prédios na rua toda. Alguns antigos, outros implorando uma reforma.
    Em uma rua tão cheia de histórias, tão repleta de contos. Lugar onde tudo acontece. Onde cada dia brotam do asfalto quente, histórias novas para contar.
    Em meio a violência, o tráfico e a prostituição, observei uma criança. Um pequeno ser humano que vive naquelas condições. Ele poderia muito bem ser uma criança triste, e seguir o caminho que a rua impõe. Mas ele era diferente dos demais. Ele não queria ser assim.
    Era um menino, de aproximadamente oito anos, que fazia o que toda criança dessa idade deveria fazer. Ele brincava. Exatamente, ele brincava com seu carrinho no meio fio. Em meio ao lixo, ele dava o seu brilho de inocência na calçada.
    Naquela calçada, em um pequeno pedaço dela, se coloria com o sorriso, com as gargalhadas e os sons que o menino fazia, imitando um carro.
    Em meio a rua sombria, as cores dos olhos alegres de uma criança pura. Em meio a mundo violento, um sorriso de alegria.
    Me perguntei porque só ele, por que não havia mais crianças brincando na rua, correndo, e pulando. Talvez por medo de ficar por ali ou por já estarem seguindo o destino que a rua deu-lhes. Ou, até mesmo, por não haverem mais nenhuma criança.
    Refleti em todas as possibilidades, até me deparar com aquelas que deixaram que uma simples rua definisse sua vida. Crianças que se tornaram adultos, ficaram com aparência cansada, se tornaram o que nenhuma criança deveria se tornar. Faziam o que não deveriam fazer. Se tornaram escravos do tráfico, da violência e da prostituição. Ganham a vida assim.
    Mas aquele menino não. Ele não é menino de rua. Vive em um orfanato da rua ao lado. Passa as tardes brincando na rua de histórias. E quando perguntado do porque não brinca no orfanato, onde é seguro, ele simplesmente responde: “Essa é a minha missão, colocar uma gota de esperança e alegria em um oceano de lágrimas”.
 

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