sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

NA LINHA DO BEM E DO MAL

Arte: Fábio Abreu

Antonio Silva

            Já começamos 2015 com pressa, nem percebemos as mudanças que o ano não trouxe. Aliás, as coisas não mudam mais, falta tempo para tantas coisas que os cenários se repetem.
            Comecei meu ano com a leitura de uma crônica de Ivana Arruda Leite, intitulada Tempo do bem, tempo do mal. Na qual ela faz reflexões sofre a ação do tempo em nossas vidas, o que ganhamos e perdemos, e talvez brilhantemente defina as dimensões do tempo entre o tempo bom que seria quando você voa alto, e se orgulha das conquistas e segue em frente de forma equilibrada sem olhar para trás mesmo que as lembranças sejam boas. Também define o tempo do mal, como a vida em um jogo de aparências, você olha para trás e lamenta, parece que um urubu sobrevoa sua vida e tira de você tudo o que mais lhe importa, lá tudo era felicidade, dinheiro, beleza.
            Levando em conta as reflexões de Ivana, dá para fazer uma ponte entre a informação, e é tanta informação que fica difícil pensar em informação do bem e informação do mal.
            Mas não é tão difícil pensar em informação do bem, pois ela é aquela que não vende jornal, que não aparece na TV, que não ganha destaque nas capas de revistas e de sites. A sociedade do espetáculo exprime essas informações. As informações do bem apenas servem para tapar buracos em meio às informações do mal.
            E as informações do mal, alimento da sociedade do espetáculo, são capas de jornais revistas, sites. São elas mortes, descriminação atentados. Isso não significa que o “diabo está no comando”, mas sim que isso é apenas um mecanismo do comércio da informação produzida pela espetaculização.
            E informação do mal é o quer não falta a mais clássica de 2015, é o atentado a Charlie Hebdo, pelo grupo terrorista Boko Haram. Esse caso levantou a bandeira em defesa da liberdade de imprensa. Mas em um olhar mais criterioso faço minha as palavras do Papa Francisco: “A liberdade de imprensa não significa que podemos desrespeitar a religião dos outros.”
            Outro caso que me chamou atenção foi o caso de Mia Khalifa, jovem muçulmana eleita a melhor atriz pornô do mundo, isso levantou a ira de vários extremistas muçulmanos que através das redes sociais a juraram de morte. O que imediatamente a transformou em um objeto da informação do mal.
            Sem falar no brasileiro que foi executado na Indonésia, por tráfico de drogas, e a fraca diplomacia brasileira, está querendo transformar o país em vilão. Quando o maior vilão é o próprio Brasil, que não consegue desenvolver um modelo de educação satisfatório a fim de evitar que mais casos desses aconteçam.
            Os casos listados acima são bons exemplos da informação do mal, mas ela não é imprensa do mal apenas por que dá notícias ruins, e sim por trazer as informações de forma incompleta.
            No primeiro caso, o mesmo grupo que matou ­­­­­­­­­­­­­­­doze franceses e que escandalizou o mundo. Mata centenas de pessoas na Nigéria todos os dias, mas ao contrário do que aconteceu com os franceses, ninguém se solidariza, escandaliza ou protesta por essa causa. Será que os negros da África valem menos que os brancos franceses?
            Sobre Mia Khalifa, muitas das declarações em defesa da atriz, não levam em conta o fato de ela ter feito inúmeros vídeos vestindo burca a roupa sagrada para os muçulmanos, ou seja, não juraram ela de morte pelo fato de ser atriz pornô, mas sim por ter desrespeitado os costumes e tradições do seu próprio povo.
            A Indonésia é inimiga número um dos “ativistas da paz brasileiros” transformaram um país que tem leis severas e que principalmente as cumpre (ao contrário do Brasil) em um verdadeiro monstro. O que não sabem é que o presidente da Indonésia Juko Widodo, é amado pelo seu povo, por ser um homem simples, honesto e que cumpre com todas as promessas de campanha, quem será mesmo o monstro dessa história?
            Com essa comparação apenas fiz um parâmetro entre o poder que a informação tem sobre as pessoas, e como as pessoas passam a se comportar sobre a ação dela em suas vidas. De fato estamos apenas no primeiro mês do ano e tudo isso já aconteceu.
            Nos resta acompanhar, a batalha entre a informação do bem, e a informação do mal. O que vier será reflexo do que as pessoas (consumidoras de informação) desejam.
            Será um grande ano...

PUBLICADO NO JORNAL
FOLHA DE NOVA HARTZ PAG: 02
SEMANAL EDIÇÃO N° 362
SEXTA-FEIRA 23 DE JANEIRO 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário