Arte: Fábio Abreu
Antonio
Silva
Já começamos 2015 com pressa, nem percebemos
as mudanças que o ano não trouxe. Aliás, as coisas não mudam mais, falta tempo
para tantas coisas que os cenários se repetem.
Comecei meu ano com a leitura de uma
crônica de Ivana Arruda Leite, intitulada
Tempo do bem, tempo do mal. Na qual
ela faz reflexões sofre a ação do tempo em nossas vidas, o que ganhamos e
perdemos, e talvez brilhantemente defina as dimensões do tempo entre o tempo
bom que seria quando
você voa alto, e se orgulha das conquistas e segue em frente de forma
equilibrada sem olhar para trás mesmo que as lembranças sejam boas. Também
define o tempo do mal, como a vida em um jogo de aparências, você olha para
trás e lamenta, parece que um urubu sobrevoa sua vida e tira de você tudo o que
mais lhe importa, lá tudo era felicidade, dinheiro, beleza.
Levando
em conta as reflexões de Ivana, dá para
fazer uma ponte entre a informação, e é tanta informação que fica difícil
pensar em informação do bem e informação do mal.
Mas
não é tão difícil pensar em informação do bem, pois ela é aquela que não vende
jornal, que não aparece na TV, que não ganha destaque nas capas de revistas e
de sites. A sociedade do espetáculo exprime essas informações. As informações
do bem apenas servem para tapar buracos em meio às informações do mal.
E
as informações do mal, alimento da sociedade do espetáculo, são capas de
jornais revistas, sites. São elas mortes, descriminação atentados. Isso não
significa que o “diabo está no comando”, mas sim que isso é apenas um mecanismo
do comércio da informação produzida pela espetaculização.
E
informação do mal é o quer não falta a mais clássica de 2015, é o atentado a Charlie Hebdo, pelo grupo terrorista Boko Haram. Esse caso levantou a
bandeira em defesa da liberdade de imprensa. Mas em um olhar mais criterioso
faço minha as palavras do Papa Francisco: “A liberdade de imprensa não
significa que podemos desrespeitar a religião dos outros.”
Outro
caso que me chamou atenção foi o caso de Mia
Khalifa, jovem muçulmana eleita a melhor atriz pornô do mundo, isso
levantou a ira de vários extremistas muçulmanos que através das redes sociais a
juraram de morte. O que imediatamente a transformou em um objeto da informação
do mal.
Sem
falar no brasileiro que foi executado na Indonésia, por tráfico de drogas, e a
fraca diplomacia brasileira, está querendo transformar o país em vilão. Quando
o maior vilão é o próprio Brasil, que não consegue desenvolver um modelo de
educação satisfatório a fim de evitar que mais casos desses aconteçam.
Os
casos listados acima são bons exemplos da informação do mal, mas ela não é
imprensa do mal apenas por que dá notícias ruins, e sim por trazer as
informações de forma incompleta.
No
primeiro caso, o mesmo grupo que matou doze franceses e que
escandalizou o mundo. Mata centenas de pessoas na Nigéria todos os dias, mas ao
contrário do que aconteceu com os franceses, ninguém se solidariza, escandaliza
ou protesta por essa causa. Será que os negros da África valem menos que os
brancos franceses?
Sobre
Mia Khalifa, muitas das declarações
em defesa da atriz, não levam em conta o fato de ela ter feito inúmeros vídeos
vestindo burca a roupa sagrada para os muçulmanos, ou seja, não juraram ela de
morte pelo fato de ser atriz pornô, mas sim por ter desrespeitado os costumes e
tradições do seu próprio povo.
A
Indonésia é inimiga número um dos “ativistas da paz brasileiros” transformaram
um país que tem leis severas e que principalmente as cumpre (ao contrário do
Brasil) em um verdadeiro monstro. O que não sabem é que o presidente da
Indonésia Juko Widodo, é amado pelo
seu povo, por ser um homem simples, honesto e que cumpre com todas as promessas
de campanha, quem será mesmo o monstro dessa história?
Com
essa comparação apenas fiz um parâmetro entre o poder que a informação tem
sobre as pessoas, e como as pessoas passam a se comportar sobre a ação dela em
suas vidas. De fato estamos apenas no primeiro mês do ano e tudo isso já
aconteceu.
Nos
resta acompanhar, a batalha entre a informação do bem, e a informação do mal. O
que vier será reflexo do que as pessoas (consumidoras de informação) desejam.
Será
um grande ano...
PUBLICADO
NO JORNAL
FOLHA
DE NOVA HARTZ PAG: 02
SEMANAL
EDIÇÃO N° 362
SEXTA-FEIRA
23 DE JANEIRO 2015
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