terça-feira, 13 de março de 2018

NA DÚVIDA, PERGUNTE



               Uma das principais questões na vida de uma pessoa com deficiência é a o olhar alheio sobre sua deficiência. Muitos olham com olhos de admiração, outros com pena ou até medo, talvez, por isso, seja tão importante a questão da nomenclatura, afinal ela é a base do combate ao preconceito contra a pessoa com deficiência.
                Mas, o assunto desta coluna não é propriamente a questão da nomenclatura, e sim algo mais simples, porém, às vezes bem mais difícil do que saber a forma certa de se dirigir a uma pessoa com deficiência.
                Um dos desafios que enfrentamos é romper a barreira do medo das pessoas em perguntar para nós o motivo da deficiência, e isso por vezes contribui não só para alimentar o preconceito como também para impedir que se comece ali uma relação seja ela de amizade ou até mesmo profissional.
                Meu conselho nesse caso é bem simples: Na dúvida, pergunte! Afinal é assim que a gente pode tirar qualquer dúvida a respeito de qualquer assunto. Por isso, ao encontrar uma pessoa com deficiência e quiser saber por qual motivo ela tem uma deficiência, pergunte, mas obviamente seja educado e respeite o espaço do outro.
                Eu, particularmente, nunca me incomodei em explicar o motivo da minha deficiência, já perdi as contas de quantas vezes expliquei para as pessoas a razão da minha mobilidade reduzida, das minhas oito cirurgias e da longa recuperação que tive até chegar ao ponto em que estou hoje. Mas, assim como eu falo sem problema algum, existem pessoas que não gostam ou até tem dificuldade em falar sobre o assunto.
                O que percebo muito também é, que as pessoas tem vontade de perguntar, mas tem um certo receio, um medo ou uma insegurança, para isso vale a dica de perguntar, claro desde que a pessoa queira falar e se sinta a vontade para comentar sobre sua deficiência e como isso afeta sua vida.
                Sempre que passo por essa situação, tento explicar da forma mais didática possível, que sofri uma ameaça de paralisia cerebral que deixou uma sequela na minha perna direita, por isso, ao longo dos anos passei por oito cirurgias para corrigir os movimentos dela. Da mesma forma que conto gosto de saber das pessoas, o motivo de suas deficiências e com isso acabo virando amigo e tudo mais.
                Mas, você deve estar se perguntando onde isso pode combater o preconceito? Pois, bem, cada vez que nos propomos a entender algo estamos mais dispostos a não criar um pré-conceito sobre aquilo, ou seja, estamos mais próximos de compreender e aceitar as diferenças do outro sejam elas quais forem.
                Justamente, por isso, sou defensor do “Na dúvida, pergunte” afinal conversar ainda é a melhor forma de resolver a maioria das coisas.

COLUNA SEMANAL NA EDIÇÃO DIGITAL DO JORNAL INTEGRAÇÃO N° 17 TERÇA-FEIRA 13 DE MARÇO DE 2018


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